sábado, 1 de dezembro de 2018

IDENTIDADE

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      Na obra intitulada O Desenvolvimento do Ego, publicada no ano de 1976, Jane Loevinger (1918-2008), a sua autora, entende identidade como “um sentido emocional sobre o self, uma percepção de bem-estar e de coerência entre o passado, o presente e o futuro (...)”, aliados à interiorização intelectiva desses constructos, como de resto, nos elucida a investigadora que a cita (Fleming, 2004, p. 84). Confuso?! Provavelmente!, dado que esta espécie de definição se plasma já em um certo nível de elaborada abstracção conceptual, para que seja possível alcançar ganhos de garantida dinâmica referencial, face ao objecto extra-linguístico, sempre que a temática é abordada. Simplificando...

      Se olharmos para a sinonímia da palavra em apreço – iden-tidade –, verificaremos, também aqui, na primeira parte do vocábulo (unidade de sentido), uma relação de similitude semântica que se prende, etimologicamente, com o significado latino de idem, isto é, o mesmo; a mesma coisa. Em termos de taxinomia e sistemática, permitimo-nos a ousadia de dividir o termo em duas unidades convergentes de sentido, tornando-o, na prática, mais uno e provido de significância. Desta maneira, a ideia (representação mental) de igualdade absoluta, de paridade, de inserção e pertença, de essencialidade afirmativa, diferenciadora, distintiva (psicofisiologicamente) emerge mais interiorizada, consciente, pujante e clarificadora. Concretizando...

      Como refere Loevinger, é indispensável a interiorização intelectiva dos constructos enumerados no primeiro parágrafo, para que a identidade do sujeito se manifeste junto de outrem ou dos outros. De resto, todo o processo de construção da mesma decorre de forma inconsciente e a sua elaboração requer tempo e contexto adequados. A criança, em sede de triangulação familiar, introjecta esse mesmo quadro mental, passo a passo, argamassando, modelando, e alterando também, a sua identidade própria, a partir do modelo de interiorização particular de interacção com o progenitor do mesmo género; esta preciosa arquitectura permite-lhe, então, no âmbito social, a exteriorização posterior da sua maneira de estar, de sentir, de pensar, e de agir com autenticidade e segurança alicerçadas. Concluindo...

      A identidade tanto diferencia, separa e decide como colectiviza e amalgama os comportamentos; auxilia a individuação e a estruturação da personalidade de cada um de nós nos diversificados contextos da vida, mas é conveniente que estejamos sempre atentos à influência da psicologia grupal, uma vez que esta obnubila as consciências, primitiviza as intenções e cega as acções. Chamamos a atenção, nomeadamente, para a fase da adolescência, quando a identidade, deveras flexível (periclitante) ainda, fica sujeita a tensões incontroláveis. Aqui, uma vez mais, ocorrem vários conflitos entre o instintivo e o social, desembocando na perda da identidade pessoal, na quebra anímica, no desespero e no ensaio que faz gerar as primeiras manifestações psicóticas. Atenção!









1 comentário:

  1. Sempre a brindar-nos com temas cultos e de reflexão, meu Amigo.
    Agora quero agradecer o carinho das suas palavras. Quanto ao livro, talvez a editora ainda não tenha feito a distribuição. Se quiser cedo-lhe um exemplar dos que comprei. É só enviar-me a sua morada para: gracampires@hotmail.com
    Um bom fim de semana.
    Um beijo.

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