domingo, 16 de dezembro de 2018

PROBLEMAS NEURO-PEDAGÓGICOS



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   Na generalidade das mais diversas situações, particulares, oficiais, gerais ou de fundo, as coisas são como são, como dizia um famigerado político da nossa praça, e não como a distorção da nossa visão subjectiva as projecta na nossa mente e as veicula aos outros, naquela linha também de quem conta um conta acrescentando-lhe um ponto.

    Nesta conformidade, no âmbito da aprendizagem, devem ser observadas condições mínimas essenciais, para que as coisas funcionem, enquanto atributos fundamentais de cada estudante, ao nível da motricidade, da percepção visual; do esquema corporal, a saber lateralidade, orientação espacial, orientação temporal; acuidade auditiva, vocabulário e facilidade de expressão; memória e motivação intelectual.

     É evidente que sem uma máquina bem oleada, esta emperra e não anda, ou seja, tudo deve estar operacional, para que os desideratos pretendidos possam ser plenamente visados. Verificam-se, por vezes, inúmeros condicionalismos, num quadro de difícil ou até mesmo impossível percepção e abordagem por parte do professor, dado que se inserem no contexto que aqui optamos por, temerariamente, designar de neuro-pedo-problemática.

     Nesta medida, se estivermos em presença de alunos com problemas motores graves, mais sérias serão as hipóteses de se virem a verificar contratempos no normal fluir das aprendizagens.

     Fundamental mesmo é a visão, se perfeita, sentido imprescindível na aprendizagem da leitura, da escrita, do cálculo mental e das situações problemáticas. É óbvio que uma visão deficiente ou deficitária pode impedir a cabal interiorização das letras, dos sinais da pontuação e de todo o código semântico que possibilita a leitura correcta e significativa de um texto.

      Podem ocorrer mesmo disfuncionalidades ao nível da dislexia e da disortografia, por força de uma incorrecta percepção visual. Nestes casos só há uma saída: a entrada do gabinete médico ( de que deveriam estar dotadas todas as escolas), para que se proceda a uma rápida, conveniente e criteriosa despistagem clínica da anomalia.

   Tendo agora, em linha de conta, o esquema corporal, como refere Wallon, 1968: “representação relativamente global, científica e diferenciada que a criança tem do seu próprio corpo”, chegamos ao entendimento da maneira como se vai construindo a personalidade infantil.

      Uma criança perfeitamente integrada face ao seu próprio corpo e respectivos membros, saberá sempre situar-se perante os vário objectos à sua volta, em relação às outras pessoas e, até, conseguirá o registo correcto dos factos ocorridos relativamente à sua pessoa e, ainda, no âmbito da relativização dos factos em si , entre si, enquanto tais.

      Um esquema corporal bem definido e estruturado, dá à criança uma consciência plena do seu eu e do espaço onde se move.

    Com o decorrer do tempo, isto é, com o passar das semanas, dos meses e dos anos, enquanto se processa o normal desenvolvimento (crescimento) de qualquer criança saudável, um dos hemisférios cerebrais irá determinar a chamada dominância lateral, ou seja, um deles impor-se-á mais forte, mais preciso e ágil, em detrimento do seu oponível. Se for o direito, a criança será esquerdina; se for o esquerdo, a criança será dextra. Há assim uma situação que, ao que se julga, será hereditária, não devendo ser contrariada, no caso da criança demonstrar ser esquerdina, quer dizer, se for comandada pelo hemisfério direito do cérebro. Há bem poucas décadas ainda (ou anos), pais e educadores sentiam-se na obrigação, tola, de resto, de reprimir aquela tendência perfeitamente natural e inócua dos seus filhos e educandos.

     No que diz respeito à definição do desenvolvimento de um e de outro hemisfério, existem estudos que garantem que a mesma se começa a verificar em termos de estabilização, entre os seis e os nove anos, podendo mesmo situar-se no âmbito desse espaço temporal a finalização do seu desenvolvimento biológico.

    Sempre que a lateralização se apresenta indefinida ou cruzada, os problemas , aí sim, agravam-se, sendo de consultar o clínico competente para o efeito. E que jeito dava um banho de civilização nas nossas escolas... Referimo-nos aos tão ausentes quanto necessários gabinetes médicos.


2 comentários:

  1. Fico sempre admirada com a "sabedoria" dos seus textos, meu Amigo. E tenho um gosto enorme em lê-lo…
    Que tenha um Natal cheio de Amor e que o ano de 2019 lhe traga tudo de bom.
    Boas Festas!
    Um beijo.

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  2. Retribuições absolutas, querida amiga. Festas Felizes e um grande beijo.

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