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Abordámos num dos escritos anteriores (Os
Curricula Discrepantes), a ideia de que tudo o que se vivencia e
interioriza ao longo da vida é curriculum – para o bem ou para o mal,
disso não tenham dúvidas. É que, quer num caso quer no outro, e dependendo das
circunstâncias particulares de cada um dos aspectos, tudo deve ser analisado,
ponderado, reflectido e relativizado, para que as posteriores conclusões possam
ser sensatas e avisadas. Não nos digam agora, como aconteceu com uma pessoa que
faz o favor de ser das nossas relações, que aquele grupo de jovens que
concordou em integrar a artificialíssima experiência forçada e forjada, de
permanecer encerrado, monitorizado e titerizado, em nome dos interesses de uma
dada estação televisiva, constitui uma teia de relações sociais de
indiscutíveis e proveitosos resultados.
Proveitosos,
respondemos nós, caso seja para nunca mais se repetir a graça; para retirar daí
as devidas ilações. E acresentámos: quanto à teia de relações ser denominada de
social, temos alguma dificuldade em a classificar como tal, devido ao seu
carácter micro-cósmico, de cerrada
circunscrição manifestamente insólita, subterrânea, forjada, manipulada,
instrumentalizada, titerizada e mórbida, porque provoca o drástico, sistemático
e penoso abaixamento do nível mental dos presentes (Pierre Janet –
1859-1947), onde se opera a diminuição da consciência vital e o consequente
enfraquecimento do Ego individual e grupal, por força da irreprimível invasão
desequilibradora do inconsciente mais primitivo e anti-social. Constatem!
Mas,
como é evidente, encontramo-nos, no âmbito desta problemática, no centro do
furacão que acicata a luta das audiências televisivas; no seio de uma
concorrência feroz que não dá espaço aos cultos de liberdade, criatividade e
felicidade do ser humano; no âmago da mais descarada e despudorada sociedade do
espectáculo, cada vez mais sofisticada, subreptícia, cínica e aviltante, já que
é capaz de arrastar os menos avisados, frágeis, ignorantes, ingénuos e
narcisistas, na sua avassaladora onda de interesses inconfessáveis. Logo, do
outro lado desse tal micro-cosmos de regressiva e descendente espiral, de
decepcionante apagamento, encontra-se o público enquanto interlocutor virtual
da mistificação do real.
Os
conteúdos comunicacionais carreados pelas televisões dividem-se em entretenimento e
informação, e sucedem-se numa lógica mediática non-stop. No entanto, até
que ponto não ficará comprometida a seriedade dos conteúdos informativos de
determinada antena, devido à ligeireza disforme – sejamos brandos – que envolve
o entretenimento? É só uma questão que se coloca!
Refira-se
ainda, em conclusão, que, tal como Émile Benveniste, estamos cientes de
que os media em geral, a a televisão em particular, ao assumirem o papel
de emissores, pretendem, desde logo, que os seus enunciados possam sempre
influenciar os receptores; também aqueles, mesmo que procurem objectividade,
não conseguem nunca fugir à sua óptica subjectivada a partir da sua
idiossincrasia caracterial, como nos ensina Michel Foucault; por último
– e aqui somos alertados por Roman Jakobson –, as audiências sentirão,
conforme os casos, um vasto leque de efeitos diversificados, produzidos pelos
conteúdos observados (Santos 2013, p. 15).
he disfrutado enormemente tus letras tu estilo único de escribir
ResponderEliminarbeso
Concordo consigo, meu Amigo Encontramo-nos "no âmago da mais descarada e despudorada sociedade do espectáculo, cada vez mais sofisticada, subreptícia, cínica e aviltante, já que é capaz de arrastar os menos avisados, frágeis, ignorantes, ingénuos e narcisistas, na sua avassaladora onda de interesses inconfessáveis...
ResponderEliminarJá quase não vejo noticiários...
Uma boa semana.
Um beijo.
Perfeito raio X Humberto e você pode imaginar, como esta coisa se processa num país como o Brasil. Manipulam e deformam informações ao bel prazer do publico menos ativo para suas sanhas.
ResponderEliminarGostei muito do seu texto e ele cabe redondinho em nossa realidade, principalmente na politica na deformação de opinião.
Uma boa semana amigo e tudo de bom.
Abraço