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O
Homem é um ser social, logo não dispensa os outros,
procurando, ao longo da vida, situar-se face aos mesmos, por meio de
uma incessante busca de si próprio, integrando esta o culto da
identificação projectiva, que pode ser doentia ou
saudável. Assim, ou culpa os outros por tudo quanto não
tolera em si próprio, ou comunga com aqueles dos vínculos
relacionais de empatia, interacção, tolerância e
aceitação. É desta forma, desde o berço,
que se vai tecendo o todo familiar e social.
A
família, portanto, é um constructo que se desenvolve em
continuum, fazendo parte de uma teia estrutural de sistemas
diversos: económico-financeiro, teológico,
ético-estético, de consanguinidade e parentesco, de
união de facto ou casamento, entre outros. Aqui, recordemos a
família nuclear e a alargada. A primeira, é
tradicionalmente constituída pelo casal e pelos filhos, sendo
considerada o suporte fulcral da sociedade moderna ocidental. O mesmo
não se passa noutras paragens do planeta, onde a família
alargada (o clã) se rege pelo culto de um vasto parentesco,
patri ou matrilocal, com uniões endo ou exogâmicas, mono
ou poligâmicas ou, até, poliândricas (mulher com
vários homens).
Podemos
olhar a família como sendo a génese de todos os graus
de parentesco, quer o façamos do ponto de vista teológico,
sociopsicológico, psicanalítico, económico-financeiro,
jurídico ou antropológico, não sendo despiciendo
avaliar a homogeneidade ou heterogeneidade dessa complexa instituição
social, em função da actuação dos vários
sistemas socio-administrativos que lhe são próximos:
Educativo, de Saúde, de Justiça... principalmente.
Estes constituem os principais indicadores de referência,
sempre que importa despistar eventuais problemas familiares.
Por
isso mesmo, nos dias de hoje, os narcisismos mal elaborados
(doentios) das crianças em idade escolar têm sido
objecto de estudo pelos pedopsiquiatras – estes não existem
nos Mega-Agrupamentos portugueses – a quem recorrem escassas
famílias, na ânsia de perceberem a sua própria
dinâmica familiar. Com isto, procuram, a contento, clarificar
as causas das perturbações do comportamento dos filhos,
nomeadamente a ausência de motivação, o défice
de atenção e a aversão à escola.
Uma
família desestruturada pode constituir o chão fértil
para a etiologia da delinquência. Que pode fazer um desamparado
psicólogo, face à multidão populacional de um
Agrupamento de Escolas?! Rigorosamente nada, respondemos nós!
E que pode fazer um professor abandonado à condenação
de turmas sobrelotadas? Muito pouco, isso lhes garantimos. Onde andam
as equipas multidisciplinares? Ninguém sabe. Será que
os alunos integrados têm obrigação de suportar os
desinseridos? Não! É que as famílias, sendo
responsáveis pelos traumas das crianças, não
podem ignorar que estas se prejudicam, também, reciprocamente,
e, uma vez em contexto de sala de aula, estas crianças podem
instaurar o caos na leccionação, estiolando,
mentalmente, o(s) docente(s).
Um belo texto. Adorei, parabéns, :))
ResponderEliminarBjos
Votos de um óptimo Domingo.
Por isso é tão importante que a escola e o meio familiar se entendam na educação das crianças… Sempre bom lê-lo.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
Por motivos eleitoralistas, tem sido dada excessiva ascendência aos pais, cuja intrusão subjectivada, precipitada e atípica, no âmbito circunstancial do sistema educativo, só tem demonstrado a sua impreparação, desconhecimento didáctico e psicopedagógico, isto para não falar da sua falta de sentido de oportunidade e da ausência da noção modelar, ao contrário do que a parentalidade deveria sempre revestir.
EliminarEnfim, estamos condenados a ter de suportar toda esta falta de tacto dos políticos que se deixam condicionar por tácticas e estratégias sempre contraproducentes.
Um abraço.