quinta-feira, 28 de março de 2019

"(...) ESTE ESTADO DE ANSIEDADE"


Imagem do Google

https://www.youtube.com/watch?v=mADiz_vn0RQ
     “Não consigo dominar este estado de ansiedade”, cantou (Estou Além - 1995), pela primeira vez o excelente músico, compositor e letrista português, António Variações (1944-1984) que, há minutos, escutei na telefonia da viatura... no auto-rádio, como já não se diz. E como ele glosou bem o tema! Penso que o fez de forma autobiográfica, que é quando as coisas resultam melhor. E a voz! Foi único e fez história, embora tenha partido prematuramente. Sendo assim, aproveito o ensejo para esboçar alguns subsídios mais sobre este assunto. Não, não é sobre o António, mas, sim, a respeito da ansiedade.

     A ansiedade, em geral (não o estado de ansiedade, em particular), corresponde aos sentimentos emocionais problemáticos, que resultam das vivências subjectivadas, podendo aqueles, induzidos por estas, determinar em nós reacções leves de alerta ou, mesmo, pânicos súbitos e incontroláveis, desencadeadores de expectativas de cenários caóticos prestes a pairar sobre as cabeças dos visados. Nestes casos, o indivíduo sente-se alvo de uma ameaça difusa, a qual não consegue explicar. Segundo os entendidos, podem ocorrer, não só variações comportamentais e do sistema autónomo, mas também alterações bioquímicas e endócrinas, somáticas e fisiológicas.

     Sublinhe-se, contudo, a necessidade que temos de ser sensíveis a doses adequadas de ansiedade, capazes de operar em cada um a resposta ajustada a cada situação, senão seríamos trucidados face à apatia e à abulia. Não é conveniente ansiedade a mais, nem a menos. Na sequência do que já aqui temos escrito, o ambiente familiar é fulcral no desenvolvimento sadio de uma criança. Nesta conformidade, quando as coisas correm mal, instalam-se as neuroses ansiosas que se arrastam pela vida fora, com altos e baixos, embora, de acordo com as circunstâncias.


     Existem, também, outros tipos de circunstancialismos ocasionais, inopinados, tendentes a precipitar um quadro ansioso de gravidade, eventualmente, preocupante. Recordamos, aqui, o falecimento súbito de um familiar próximo ou intrinsecamente ligado (LUTA DE LUTOS – neste Bogue), ou, ainda, da hospitalização por doença complexa ou terminal de alguém em linha directa de consanguinidade. Concretamente, nestes casos, a neurose ansiosa pode atingir níveis tão elevados que se tornam insuportáveis, podendo desembocar em depressão.

5 comentários:

  1. Eu entendo o estado ansiedade como um desajutamento psíquico pontual. A partir de um certo limite passa a ter um caráter patológico. Boa tarde e um abraço.

    ResponderEliminar
  2. Muto bom seu texto, a ansiedade pode gerar pânico, é um desajuste químico/emocional, e desemboca na depressão, já é algo bem mais grave que passa a ser resolvido com a química. Um estado altamente penoso, claro. Cuidados máximos, no mundo em que vivemos, de intolerância, de egoismo, de falta de solidariedade, de pobreza extrema, de desentendimentos familiares, lugar onde deveria ser um refúgio. Não dá para dar espaço a esses transtornos.
    Gostei muito da postagem.
    bjs, um ótimo fim de semana que está chegando.

    ResponderEliminar
  3. Olá
    Falaste em vivências subjetivadas, mas quando as vivências são suportadas ano após ano, mês após mês, 7 dias em cada 7, 24h /dia e a violência é a nivel físico, psicológico e financeiro, as pessoas em tais situações entram mesmo em «burn out» como dizem os entendidos.
    Gosto que abordes assuntos que, infelizmente são o quotidiano, talvez, de mais pessoas do que podemos imaginar. Haja capacidade para aguentar, o que depende da idade, da força, da saúde e de muitos ouros fatores.
    Belo artigo.
    Um beijinho
    Mana

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Todas as vivências são subjectivadas, na medida em que cada um sente à sua maneira. Por exemplo, os ingleses escrevem "subject", quando pretendem dizer "sujeito". Estudaste Latim... "Subjectu" é a origem etimológica de sujeito. Atenção aos erros ortográficos. A ortografia não evolui, dogmaticamente, por decreto...
      Beijinhos.

      Eliminar