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Ora,
cá estamos nós na presença de dois significantes
gráficos que se contradizem, conceptualmente falando, sendo, por isso mesmo, antagónicos. É curioso, quando se repara na
etimologia latina da palavra abstracto (abs-traído) e se
constata que a mesma nos transmite a noção de
separação. Já a palavra concreto aponta para
algo uno e singular, materialmente objectivo, leia-se agregado.
Estamos, portanto, na presença de dois antónimos.
Aduzindo
ainda mais similitudes, só somos levados a pensar em algo como
sendo concreto quando este se associa a uma alusão feita a
qualquer coisa particular, individual, concebida no seu todo uno e
indivisível; já o abstracto clama por uma identidade
generalizada, de cariz universal. Mais: em termos empíricos, o
concreto é sensitivo, palpável, físico, logo
real, muito embora, filosoficamente, possa haver quem considere as
qualidades sensíveis do concreto, simultaneamente concretas e
universais. Neste particular, então, o concreto pode ser
decomposto...
Se
se trata, por outro lado, de um concretismo associado ou atribuído
a alguém – a um aspecto particular (real) dessa pessoa ou
sujeito –, ou se se fala da pessoa em si ou de uma sua qualidade,
no primeiro exemplo estamos perante uma conceptualização,
e no segundo caso encontramo-nos face a uma definição
adjectivada. Complexo? Concordamos! Contudo, toda esta necessidade de
reflectir filosófica e arduamente sobre o que representa,
afinal, o concreto, tem constituído uma preocupação
recorrente da filosofia, não sendo mais do que uma maneira de
equilibrar a supremacia de que sempre foi alvo o conceito ligado ao
abstracto.
E
terminamos já, já, com uma pequena ironia – que segue
no fim deste artigo –, se quiserem, de carácter filosófico:
tendo em conta o verdadeiro, prolongado e incansável desastre
da economia portuguesa, a braços com a 3.ª mais
aniquiladora corrupção e respectivos efeitos
verificados no âmbito europeu, o povo (contribuintes) tem sido
chamado a tapar os buracos sem fundo das falências
generalizadas [(bancos, grandes empresas) biliões e mais
biliões]. Sendo assim, concreto é o capital que os
portugueses depositam nos bancos; abstracto é o dinheiro pelo
qual não conseguem responder, depois, os badalados e bem pagos
gestores de topo da banca nacional.
Gostei da publicação :))
ResponderEliminarHoje:- Anunciando a Primavera.
Bjos
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