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Em
tempos, face ao comportamento de um aluno cujo aproveitamento escolar
se pautava por estranhas e súbitas quebras de rendimento,
decidímos investigar, por conta própria e com carácter
furtivo, o seu comportamento discente em sede de sala de aula e,
junto dos pais, sem nenhum tipo de alerta especial. Este adolescente,
a quem chamaremos Francisco, era uma pessoa educada, trabalhadora,
aparentemente tímida e, conforme os dias, mais ou menos
alheado, ansioso ou inseguro perante tudo quanto o rodeava, como se
um repentino pânico o tivesse invadido e o bloqueasse.
Com
o passar dos dias, não detectámos nada de anormal na
relação dos pais, quer dizer não havia nenhuma
forma de supremacia masculina ou feminina. A triangulação
familiar operava-se normalmente; todos se davam em equilíbrio
e harmonia; a irmã mais nova tinha sido desejada pelo casal e
muito bem aceite pelo Francisco. Este, por vezes, manifestava vontade
de ficar em casa e faltar às aulas, para surpresa dos pais, já
que o filho nem sequer tentava explicar o que se passava com ele. Os
progenitores chegaram a pensar em fobia escolar... Contudo, em casa, a
ansiedade nem sempre se manifestava, quando a hora de sair para a
escola se aproximava.
Como
sabemos, a fobia caracteriza-se por uma sensação de
medo excessivo, capaz de provocar ansiedade extrema à pessoa
em situação, quando em contexto de aproxiação
daquela, diminuindo esta aflição ansiosa, sempre que se
verifica o afastamento. Embora se trate de uma experiência
subjectiva, perante o objecto a evitar, aquela provoca no indivíduo
alterações fisiológicas ligadas à
ansiedade e reacções comportamentais tendentes a evitar
a interacção (ficar em casa) ou fugindo mesmo à
realidade contextual (alheamento e evasão).
Na
mesma turma de Francisco, sentava-se o Hilário. Este,
registava uma frequência intermitente (chegava a estar ausente,
por vezes, semanas a fio. O psicólogo escolar elucidou-nos
sobre as faltas do Hilário: internado numa IPSS (Instituição
Particular de Solidariedade Social), volta e meia era presente a
juíz, no Tribunal de Menores, devido a desacatos e furtos.
Ficámos atentos à forma como os adolescentes passavam,
no recreio, os períodos entre aulas. Pois, era isso! O Hilário
exercia bullying insidioso, mórbido, sádico, obsessivo
sobre o Francisco. Este sentia-se vencido, envergonhado e calava-se,
fechava-se. Passou a crescer nele uma ansiedade progressiva,
aterradora, geradora de uma espécie de fobia social, se
quiserem, de uma antropofobia específica, que foi tolhendo o
sucesso, inicialmente linear do Francisco.
Concluindo,
diremos que, neste caso concreto, a deplorável prática
do bullying pode induzir reacções fóbicas nos
visados, levando-os, inclusivamente, com o passar do tempo, a
comportamentos misantropos, melancólicos, ao insucesso
escolar, à perda da auto-estima, à dificuldade de
afirmação e indentidade, de inserção e
pertença, entre outras anomalias, podendo mesmo as vítimas
entrar em desespero, e pânico suicida.
me gusta como escribes
ResponderEliminarabrazos desde Miami
Abrazos. Have a nice Week-end.
EliminarQuantas crianças e jovens sofrem de bullying em silêncio. Um problema cada vez maior!
ResponderEliminarHoje:- Sinto-me o jardim mais florido da solidão [POETIZANDO]
Bjos
Votos de um óptimo Sábado
Felizmente que este caso foi detectado e espero que corrigido deste mal que afligem muitos jovens nas nossas escolas.
ResponderEliminarUm abraço e bom Domingo.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Querido Zé
ResponderEliminarBom para este aluno ter sido alvo de observação atenta por parte do seu professor!
A violência, seja ela de que tipo for, tem consequências verdadeiramente avassaladoras! E, infelizmente,não acontece só nas escolas, mas também a nível familiar e sob as mais variadas formas.
Belo artigo!
Um beijinho
Mana
Nada como estar atento à todas reações de pessoas normais, quando se apresentam em anormalidade. As ações foram importantes neste caso Humberto e assim detectada pode ser combatida a violência do personagem descrito. Hoje creio, que nas escolas deveriam preparar mais pessoas e professores para o investigativo, pois as coisas tem acontecido com resultados terríveis.
ResponderEliminarMuito boa partilha, que serve como alerta.
Abraços.
Nesta semana postarei um poema simples inspirado em seu Invite à Primavera de Portugal.