quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

SIREN

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Procurei-te no mar
respirei-te na maresia
quer de noite quer de dia

Mergulhei-te na lembrança
minha onda fugidia 
esboço que nunca se alcança 
seja qual for a porfia

Onda líquida sem ter fim
estás afinal sobre mim
desdobra-te e sobra 
lá no picadeiro 
para ser eu o primeiro

A saber beijar-te 
assim como o vento
a poder navegar-te
sob o céu cinzento 
contigo fundir-me a todo o momento 

E no fim da viagem 
já de ti sedento 
sem qualquer miragem
lá no picadeiro 
continuar primeiro
assim como o mar
sem sobrar de ti
poder soçobrar num descanso húmido

COMMUNIQUÉ

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Hoje em dia, por da cá aquela palha, afadigam-se as pessoas com assuntos, temas e matérias que não aquecem nem arrefecem, não servem para rigorosamente nada, são de uma futilidade aflitiva, mas, ocupam o espaço e o tempo da comunicação social, podem determinar eventualmente o aumento das audiências no caso das televisões, forçam à compra de jornais, no caso destes, e estratificam viciosamente os doentes da "net", numa espécie de letargia obscura, redutora, solitária e fria, porque, no imediato, estes três meios de comunicação (?!!) de massas conseguem o tão desejado objectivo de chamar a atenção dos pobres mortais para si mesmos, num visível incremento dos lucros pelos quais desesperadamente se batem. 

Nesta medida, atente-se nos programas designados de "talk-shows", onde aparecem para conversas de cariz algo estranho os mais inqualificáveis indivíduos; repare-se nos "reality-shows" onde durante semanas a fio se aprisionam numa casa "hermeticamente fechada" mas devassada em absoluto, alguns autómatos de ambos os géneros, que rapidamente destilam os afectos mais primitivos e desconexos numa clara e desconcertante manifestação inconsciente de tudo quanto lhes vai na alma. 

No caso da internet são tantos os benefícios como os prejuízos: nas crianças escolarizadas é extremamente difícil a inculcação de regras de utilização da mesma. Trata-se de uma tecnologia com carácter altamente viciante embora potencie uma diversidade ímpar de matérias e recursos que, se mal aproveitados podem constituir uma deriva alienante, perigosa e desvirtuadora de bons hábitos, atitudes e tendências...

Por último, os jornais que, como se sabe, veiculam uma certa informação sempre ao serviço de quem os financia e que tanto pode ser útil como contra-producente para quem a lê. A título de exemplo refira-se os "rankings" das escolas, que nada têm de plausível devido ao seu carácter falacioso, por razões que já apontei noutros escritos. E as sondagens que, até hoje, ainda não percebemos para que servem, a não ser como mera manobra de diversão que acaba por afastar necessariamente a massa acrítica eleitoral do verdadeiro cerne da questão: o que valem realmente os partidos e as suas propostas de ocasião?    


  

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

ANTINOMIA


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Perder-te por um só dia
quem diria quanto doí
houve tempos não sabia
quem alegria constrói
não pode viver sedento 
de te prender na lembrança 
mergulhado no tormento
de te sonhar na magia
sufocado no lamento
de beber na poesia
o diminuto sustento
que fere, destrói e cansa

Prender-te por um só dia
é viver numa só alma
dois corpos que na saudade
destoam da natureza
é ter de Deus na verdade
das flores toda a beleza
conquistando o paraíso 
ganhando coragem e viço
e no dia do Juízo
subir aos Céus no sorriso
da tua boca de mel