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Na
vida de qualquer ser humano, quando socialmente inserido (bem ou
mal), tudo gira em torno dos mesmos pressupostos, a saber: identidade
e pertença, sempre pautados pelo desejo que nos liga ao outro
– o desejo é o desejo do outro, quer se queira, quer não
–, já que, tal como viu Jacques
Lacan (1900-1981),
antes de aceder à ordem da linguagem, o sujeito se encontra
rendido ao corpo da mãe e aos objectos parciais desta, através
do desejo indeterminado e de significância polivalente, à
luz do imaginário
nascente.
Mas
também, diferenciação, individuação
e afirmação, potenciados, estes, pela obstrução
do desejo do sujeito, quando, no âmbito da ordem da linguagem,
se depara com a interdição do Outro (o pai) face ao
objecto (incestuoso?!). Estes três últimos pressupostos
passarão a ser fortemente moldados pela metaforização
do simbolismo crescente,
levando o sujeito a ser sujeito do seu desejo logo que passa pela
respectiva ordem
da linguagem.
É,
portanto, este estado de coisas que equilibra um coerente e
harmonioso sentido emocional sobre o self (quando tal acontece),
preparando o sujeito para a gestão familiar das devidas
distâncias psicológicas, num quadro de permanente
intersubjectividade relacional emocional (salutar ou doentia)
tendente a “renegociar a dependência psicológica face
aos outros membros da família” (Sabatelli
& Mazor, 1985).
Curiosamente,
sempre que reflectimos sobre este tipo de conceitos (Desejo,
Afirmação e Poder), recordamos a posição
divergente de Alfred
Adler
(1870-1937),
relativamente a este assunto, já que contestou a tese do seu
professor (Freud
(1856-1939),
ignorando o princípio de prazer e os impulsos da líbido,
ao relevar a necessidade de afirmação de poder do
indivíduo. Esta, no seu entender, integra o psíquico e
manifesta-se, de forma compensatória, para combater a neurose
que radica no sentimento de inferioridade e insegurança
generalizada das criaturas.
Adler,
nesta sua leitura da problemática vertente, inclui também
os doentes, os acidentados e os diminuídos físicos
(congénitos ou não) no rol dos sedentos de poder,
chamando a atenção para o papel da educação
ligada à psicologia individual, procurando, assim, evitar o
crescimento de carácteres parasitas sempre prontos a explorar
o outro e a atropelar a sua dignidade pessoal e social. Mas esta
energia negativa, diz Adler, pode ser convertida, pela educação,
em sensibilidade responsável e solidária, quando
dirigida à interiorização da apercepção
do sentido da realidade.