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Em
termos informativos, leia-se, noticiosos, aos órgão de
comunicação social só interessam as notícias
candentes, de flagrante actualidade, para que o (i)mediatismo pelo
qual se luta no dia-a-dia, não só nas redacções,
mas também a partir do exterior, seja efectivado, de
preferência em antecipação às estações
concorrentes. A notícia de ontem deixou já de ser
notícia.
Às
redacções podem chegar notícias em catadupa,
passando as mesmas por uma tão necessária quanto útil
triagem, rigorosamente selectiva, tendo em conta os mais apurados
critérios editoriais, com vista ao alinhamento noticioso
de cada dia. Certos conteúdos noticiosos podem mesmo ser
objecto de reformulações, em obediência a
conceitos como o time
slot*
e o valor-notícia, em nome do apuro e da noticiabilidade.
Quando
ao lado do pivot surge um convidado especial, o director de
informação ou outro entendido em qualquer matéria particular,
isso significa que algo inopinado aconteceu, como, por exemplo, um
terramoto, um tsunami, uma queda de helicóptero, e importa proceder à alteração
do alinhamento, em relação ao qual o convidado se
pronunciará. A notícia de última hora reveste
sempre alguma espectacularidade e atrai audiências.
Em
se tratando de tempo televisivo, este vale ouro – lembrem-se do
preço da publicidade –, pelo que, sempre que surge um
contratempo (não aparece o convidado, a tecnologia recusa-se a colaborar,
enfim, seja o que for), a imprevisibilidade do recurso a que se lança
mão pode constituir uma surpreendente mais-valia para o canal,
pelo impacto causado nos tele-expectadores.
Uma
outra prática habitual, mormente em Portugal, nos canais
noticiosos, no período pós-vinte e duas horas, é a colocação de dois jornalistas-apresentadores relatando alternadamente
ocorrências de há vários dias, ainda não
deslindadas (colapso da estrada e queda de várias viaturas com
gente, no fosso da pedreira, no Alentejo; impasse do prédio
“Coutinho”, em Viana do Castelo, etc..) e que contam ainda com um
convidado entendido nas questões também colocadas pelos
pivots.
Mas
isto, sendo com conta peso e medida, pode ser bom jornalismo. O que
já não nos parece tão sensato é a
repetição exaustiva de notícias “vampirescas”,
dissecadas milimetricamente, repetidas ad
nauseam,
ao longo de vários dias, sobre comportamentos de psicopatas,
de incendiários, de assassinos, de corrupos e quejandos, que
vão proliferando por aí, a esmo, apenas para alimentar
nas massas a doméstica e tranquila atracção do
abismo.
Nota:
Time
slot
– oportunidade noticiosa relevante.