sexta-feira, 1 de novembro de 2013

SEXO E SEXUALIDADE – NOTAS CONEXAS

        A sexualidade foi sempre mais ou menos olhada como algo estranho, misterioso e passível de causar embaraços. Que o digam aqueles que pouca ou nenhuma informação receberam, ao longo das várias etapas do seu desenvolvimento. Quer se queira quer não, a sexualidade faz parte integrante do indivíduo, enquanto ser sexuado, não podendo nem devendo ser ignorada, principalmente pelos pais, educadores e professores. É conveniente que se encontrem bem preparados e devidamente informados, possuindo também a suficiente capacidade pedagógica. Assim, na equilibrada medida das necessidades dos filhos respectivos e dos educandos sob a sua responsabilidade, de forma pertinente, contextualizada e oportuna, poderão estar aptos a prestar os esclarecimentos necessários em cada momento, sem adiantar, seja o que for, para lá do estritamente requerido. Nada deve ser oculto, portanto, na medida da curiosidade manifestada por quem pergunta, porque quer saber.

       A sexualidade marca o homem desde a Antiguidade. Recorde-se a filosofia dos estóicos: esta advogava a fundamentalidade das vivências humanas, sempre estribada, pautada pelas exigências da razão, pelo que o prazer resultante da satisfação dos desejos carnais se converteria em inimigo desse tipo de ideal. Em termos éticos, o homem deveria reunir todas as forças possíveis e impossíveis, no sentido de, sistemática e permanentemente, aniquilar as paixões, libertando-se dos impulsos desregrados, embora instintivos, até ao mais completo paroxismo apático.

         Sobre esta matéria, as tendências e as doutrinas, através dos séculos, sucederam-se sem grandes variações entre si. Tratando-se da sexualidade, todas elas defendiam o mesmo tipo de desconfianças e de medos, sempre associados ao pecado, à culpabilidade e até ao desprezo pelas várias vertentes de um assunto tão assaz comprometedor.

        Mas, o sexo nem sempre foi tabu na generalidade dos contextos histórico-filosóficos: a sexualidade chegou a ser sacralizada pelo mito, o que tornaria o sexo como algo outorgado pelos deuses, visando práticas sagradas.

      Curiosamente, nos nossos dias, a sexualidade encontra-se acentuadamente desconstruída, enquanto função intimamente ligada ao binómio corpo/espírito, matéria/mente, biologia/emocionalidade. Hoje, a sexualidade é olhada, em regra, como algo puramente animal, numa linha de total desprezo pelos valores da afectividade e da vida.          M.B.S. (CONTINUA)
Nota: net pics

7 comentários:

  1. Oi, Manuel!
    Parece que ao invés de evoluirmos, retroagimos.
    Boa semana!!

    ResponderEliminar
  2. O individuo hoje (salvo exceções), procura longe dos afetos, dos valores mais sensíveis e profundos, um prazer fugaz, mundano, despido de comprometimento. Impera nele uma vontade descontrolada, uma liberdade desorientada, comodista, conduzida pelo instinto mais básico do prazer. Tem assim mais, mas pior. Daí a sua continuada insatisfação com ele próprio e os outros.

    ResponderEliminar
  3. Apenas porque o têm furtado à educação dos afectos; ao são equilíbrio que advém do respeito pelo próximo, a começar na família, dos pais para os filhos, dos filhos para os pais, entre os irmãos, e por aí fora. Hoje, cada ser humano é "educado" como se educa um cão ou um gato. Estamos, ou melhor, estão a preparar uma geração de futuros ditadores putativos. Depois não se queixem!

    ResponderEliminar
  4. Meu querido
    Tanta preocupação da Tutela para que todos frequentem Acções de Formação mas,para o que é mais necessário,ninguém FORMA ninguém!...
    Belo texto,para reflectirmos muito a sério...
    Parabéns.
    Beijinhos da
    Mana

    ResponderEliminar
  5. Face às transformações sociais, mais do que nunca, considero importante uma abordagem acentuada sobre sexualidade nas escolas e na família , que possibilitem a vivência de uma sexualidade saudável e responsável; desse modo evitar-se-iam muitas doenças, gravidezes precoces e muita promiscuidade.
    Bom dia, Poeta! Beijinho

    ResponderEliminar
  6. Já em 1907, num seu escrito intitulado “O Esclarecimento Sexual Das Crianças”, Freud opinava que às crianças não deve ser sonegada nenhuma informação sobre a vida sexual, desde que vá respondendo à sua gradual curiosidade, e na altura em que as questões são colocadas. Também a escola, refere o pai da Psicanálise, não pode nem deve fugir às suas responsabilidades formativas e informativas, obrigando-se, portanto, a considerar a sexualidade como um normal conteúdo escolar, a ser ministrado progressivamente, em função das dúvidas dos alunos, sem nunca atropelar as fases do desenvolvimento das crianças.
    Beijinho, Carminha Gomes

    ResponderEliminar