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Imagem do Google - Lampreias |
A
enguia é um peixe da ordem dos teleósteos (ossatura
completa),
da família dos Murenídeos (como a moreia), embora mais
fino, longo e cilíndrico do que esta, da subclasse dos
teleóstomos (completo
mais boca),
isto é, dotado de esqueleto completo, mais ou menos
ossificado, boca e opérculos protectores das cavidades
branquiais. A enguia, que também dá pelo nome de eiró
(diminutivo latino de hidra),
procede etimologicamente do latim anguilla.
Esta
curiosa espécie aquática, muito cobiçada, não
só na ementa gastronómica de Portugal, mas também
de outros países, possui um elevado valor comercial, sendo cá
servida, principalmente, de caldeirada ou frita. A Anguilla
anguilla,
na época da reprodução, desce aos 400 metros de
profundidade no Mar dos Sargaços, seguindo depois os milhões
de larvas o capricho das correntes, ao longo de cerca de três
anos, até às costas da Europa. Nesta fase, ainda
minúsculas e transparentes (enguias-de-vidro), procuram
penetrar a foz dos rios e áreas lagunares (Ria de Aveiro –
Torreira, São Jacinto, por exemplo), em busca de águas
tranquilas dulçaquícolas e salobras onde permanecerão
até à adultícia – cinco anos as fêmeas,
e sete os machos.
Na altura certa, um
surpreendente e enigmático instinto vital de reprodução
chamá-las-á de novo ao Mar dos Sargaços,
desovando entre Março e Julho, depois de uma viagem
inelutável, sem paragens nem alimentos, acabando por morrer
exaustas, para que os juvenis se possam dirigir também aos
estuários da Europa, a partir do Atlântico, do
Mediterrâneo, do Mar do Norte e do Mar Báltico.
Tudo isto seria muito
interessante se a espécie não estivesse há
várias décadas sob a ameaça de extinção:
a pesca dos juvenis (enguias-de-vidro), de forma desenfreada,
desprovida de critério e por todos os meios, à qual se
tem juntado a poluição galopante do seu meio ambiente
podem estar a comprometer seriamente a manutenção de
tão salutar hábito alimentar. Quem tudo quer, tudo
perde.
Nota
breve: Nomeie-se também, a talho de foice, a lampreia, por ser
o tempo dela e ainda por se tratar de mais uma incontornável
iguaria gastronómica. Não é um peixe, não
senhor; é um ciclóstomo ágnato [(do grego –
boca
redonda sem mandíbula)
provida de potente ventosa interior], corpo cilíndrico e
longo, desprovido de esqueleto, que vem desovar, ao contrário
da enguia, na nascente dos rios, onde chega no início de cada
Inverno, depois de uma longa e imparável peregrinação
marítima, morrendo, do mesmo modo, em seguida. Os juvenis
desta espécie vão crescer no alto mar.