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Por muito que gostássemos, e embora
nos encontremos a dias do início de um novo ano (2012)*, ainda não será desta
feita que encetaremos um discurso filtrado pela bonomia de uma visão ingénua e
inocente, das coisas que nos rodeiam e envolvem. Não é possível ignorar que nos
encontramos espartilhados, de forma difusa, alarmante e inexorável, e a braços
com o desespero e a impotência de quem tem de viver, sem saber já como fazê-lo.
É que, cavalheiros, não basta
continuar a pagar, a um ritmo obsessivamente maníaco, as contas, em obediência
a uma espécie de ritual catatónico, contradito, portanto, pela vertente
oponível de inércia motriz e psíquica, que tem determinado o abandono das
alfaias e das redes, em nome de interesses obscuros e inconfessáveis. Estes,
por seu turno, têm sido pautados por forças minoritárias, mas poderosas, que se
têm insinuado, tanto mais facilmente, quanto menos habilmente se comportam os
pseudo-protagonistas da política europeia, num quadro de decadente retrocesso
civilizacional.
Tal estado de coisas foi potenciado
e começou a alastrar, a partir das primeiras manifestações (hebefrénicas) de
incompetência, imaturidade, autismo, delírio demencial, verificado nos finais
dos anos noventa do século passado (02/04/1998), quando o patético poder
ocidental foi acometido pela alucinação da moeda única e, mais tarde, pelo
comportamento bizarro que caracterizou o embotamento da solidariedade social
entre os povos europeus.
Depois da Segunda Grande Guerra
Mundial (1939-1945), China, U.R.S.S. e U.S.A. começaram a fazer o trabalho de
casa, plasmando-se como um autêntico vírus, junto dos povos africanos,
inventados, fundados e definidos pela aventura Europeia do Renascimento. É
claro que os princípios e os valores maoistas e marxistas medraram, porque
encontraram terreno fértil para o efeito, e, disso só se podem queixar os ”brancos”
que nunca souberam ou quiseram encarar as populações africanas, através de
uma atitude relacional humana e fraterna... Quanto mais não fosse, por razões
de inteligência e estratégia geo-política.
O impacto brutal deste segundo
grande conflito bélico não imprimiu sensatez nos senhores da guerra. Entre 1950
e 1953, uma nova carnificina viria a dividir a Península Coreana em dois novos
estados; a guerra fria intensificar-se-ia até à queda do Muro de Berlim em
1989; nos anos de 1960 teria lugar a guerra do Vietenam; em 1973, o choque petrolífero
abalou a economia mundial. Depois foi a aventura Europeia, que Winston
Churchill equacionou nestes termos: “ Se a Europa se pudesse entender para
desfrutar esta herança comum, não existiria limite à sua felicidade, à sua
prosperidade, à sua glória, de que beneficiariam 300 ou 400 milhões de
habitantes... Precisamos de edificar uma éspecie de Estados Unidos da Europa...
Porque não criar um grupo europeu que dê a povos afastados uns dos outros o
sentimento de um patriotismo mais amplo e de uma espécie de nacionalidade
comum? E porque é que um grupo europeu não deveria ocupar o lugar que lhe
compete no meio dos outros grandes grupo e contribuir para a orientação do
barco da humanidade?” Pois, do lado de cá do tempo é o que se constata!!!
Mas a História projecta-se sempre no
devir temporal, porque ela é passado; o presente apaga-se, a cada momento, qual
lâmpada desligada pelo interruptor das horas, sem que tenhamos sabido
aproveitar a luminosidade fugidia das oportunidades; o futuro... esse é
sombrio, a não ser que se unam todos os homens de boa-vontade, já que se
encontram inseridos nas maiorias e a união faz a força.
Que dizer também dos inúmeros “entendidos”
que enchem a boca com os rotulados países emergentes: a já referida China,
mais a Índia, o Brasil e a Rússia, e, quem sabe, talvez Angola... Neles,
diz-se, pode estar a salvação!... Talvez! Se calhar!... Uma coisa é certa,
porém: a eles se deve já a perdição.
Disseram emergentes (?!) Claro,
claro! Mas que se pode esperar de um grupo de repúblicas, das quais duas são
democracias complexas, as outras duas são ditaduras nebulosas, e a quinta
enferma de um indecifrável hibridismo?! É que nadando em dinheiro e detendo
dívidas públicas de interesse potencialmente letal, devido às suas
características, afiguram-se-nos, umas e outras, como se de ameaçadoras
bombas-relógio se tratasse.
Reparem: tal como nos “icebergs”,
a massa de gelo emergente, logo visível e controlável, é diminuta; a parte
submersa é incomensuravelmente gigante, invisível e perigosa. Parece-nos ainda
que os países emergentes funcionam exactamente como os “icebergs”, mas,
com uma diferença fundamental: a parte visível desses cinco gigantes
geográficos (BRICA), constituída pelas elites governamentais e diplomáticas,
não é controlável, e não deixa de ser também, quer queiramos quer não,
potencialmente gigantesca e perigosa.
NOTA: Crónica redigida em 19/12/2011