domingo, 30 de junho de 2019

O PAPEL DE MÃE




   Quando observámos, em plena Natureza, o desempenho, principalmente, dos mamíferos e das aves, ficámos surpreendidos com a dedicação, o cuidado, a entrega e acerto com que estes animais (irracionais) acompanham, apoiam, alimentam e protegem os seus filhotes, mormente as mães, até que aqueles se encontrem aptos para enfrentar a vida com autonomia e independência. É que o mesmo, nem sempre acontece nem é linear com as mães humanas.

   Depois de nove meses de gestação no útero materno – na ancestralidade, o mamífero humano nascia com vinte e um (21) meses – o bebé surge no mundo, absolutamente indefeso, imaturo e dependente, e só não falece rapidamente, porque a mãe (parte-se desse princípio), unida que está ao filho pelo vínculo instintivo e familiar, lhe dispensa todo o tipo de protecção, carinho, higiene e alimento – o leite materno é insubstituível –, acautelando e garantindo o seu processo de desenvolvimento físico e psicológico.

   Donald Woods Winnicott (1896-1971), em meados do século XX, defendeu, através da rádio, a importância do papel responsável, integral e actuante das mães inglesas, durante a gravidez e, depois, junto dos seus bebés recém-nascidos, visando a formação tranquila e equilibrado do EU infantil. A mãe deve identificar-se, naturalmente, com o filho (vinculação), para que este, conforme adianta John Bowlby (1907-1990), se ligue a ela (bonding), no âmbito dum elo de reciprocidade identitária.

   É este o papel genuíno de qualquer mãe adulta e madura, não devendo nunca ser escamoteado. Sempre que a mãe claudica, negligencia, sufoca ou ignora a “cria”, esta deixa de receber os devidos estímulos, passa a sofrer de desequilíbrios emocionais, sente, no mais profundo do seu ser, os objectos internos deformados, devastadores, e os externos distorcidos e aniquiladores; perde autonomia, não elabora as aprendizagens; o ambiente de exploração, descoberta e desenvolvimento (holding environment, de que também nos fala Winnicott) torna-se avesso, disforme e sem significado para o infante...

    É nestas situações que o psiquismo da criança, num automatismo psicodinâmico defensivo, procede a uma fixação regressiva primária, remetendo-se a estádios arcaicos de funcionamento e desordem, passíveis de provocar fenómenos somáticos indesejáveis e comportamentos compensatórios de dependência, que serão sempre interpretados, pela mãe (pelos pais) de forma contraproducente e desviante, o que significa que o problema tenderá a assumir proporções incalculáveis. Tenham cuidado e sejam responsáveis.




Imagens (3) do Google
 

4 comentários:

  1. Para além das teorias que muito respeito, creio que é instintivo em quase todas as mães a protecção dos seus filhos. É um amor que começa logo que a mulher engravida e se vai desenvolvendo à medida que o tempo passa. É um amor que nunca acaba. Há mães que se esquecem dos filhos? Há, claro. Aí podem entrar as teorias…
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  2. Oi Humberto!
    Nós mulheres nascemos com o dom da maternidade. O amor de uma mãe por seu filho não tem definição possível, nem nós mães, saberíamos definí-lo pois é tão grande e verdadeiro que vai além de nossa capacidade de expressá-lo em palavras.
    Há mulheres sem está capacidade de amar sim,mas, felizmente são casos raros.
    Uma postagem muito interessante.
    Abrçs

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  3. Serão raros os casos em que a mãe não sente afecto pelo seu filho.
    Estas teorias esquecem que se deve proporcionar às mães, ambiente e condições para que estas possam centrar toda a sua atenção aos filhos, enquanto eles dependem dela.

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  4. ¡Hola Humberto!

    Estoy de acuerdo con Magui y con las otras dos. El amor de una madre para con sus hijos es inagotable, solo acaba con la muerte, los queremos con locura desde ese primer momento que lo sentimos en el vientre.
    Y desde el primer momento que nacen, dedicamos a su cuidado las veinticuatro horas del día, hasta ellos valen por sí solos. una madre no se jubila nunca.

    ¡Pero también hay la otra cara de moneda! Si, hay otras madres que no los quieren y los matan o maltratan, pues creo que tendrán un desequilibrio mental, quizás por este mundo tan desigual.

    Ha sido un placer leerte, es un texto muy interesante.
    Buena tarde y se muy ,muy feliz.

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