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Depois de Freud, a História da Psicanálise é marcada pelos nomes, ou melhor, pelas obras de Mélanie Klein e Jacques Lacan; ambas se colocam a par do Freudismo. Este, vê respeitado, no âmbito do desenvolvimento das teorias de Klein e Lacan, a subjectividade do fantasma, isto é, o espaço do sujeito correspondente ao lugar do desejo e da ordem simbólica, descurando a objectivação, a moralização e a ordenação. Quer Klein quer Lacan tratam os fantasmas inconscientes como se se estruturassem na linguagem que radica no inconsciente. Para Klein, só o fantasma conta, na linha da sua subjectividade que estabelece um laço entre a pulsão e o desejo do sujeito.
Klein considerava já que a incorporação fantasmática do "mau seio" era introjectada tornando-se num objecto destruidor que deveria ser eliminado. A criança, assim, lutaria contra os objectos fantásmicos pela projecção, rejeitando o mau. No útero materno, o feto é indissociavelmente "soma" e "psique". Segundo Bion, a criança incorpora o "seio bom" - utilizando aqui a expressão de Mélanie Klein -, sempre que recebe da mãe o leite materno, o afecto e o calor; mas, ao desejá-lo e antes de o conseguir, a necessidade do mesmo é considerada como "seio mau", devido, portanto, à sua não-posse e insatisfação; este deve, assim, ser evacuado. Ainda, segundo Bion, aquele representa os pensamentos primitivos, desprovidos de diferenciação entre vida e não-vida, sujeito e objecto, significante ou significado, continente ou conteúdo.
É curioso notar que Klein descreve a linha fantasmática da criança, em função da dependência desta da mãe; já Freud situa aquela ao nível da possessão da própria mãe, ao nível genital, aliado à identificação e à rivalidade com o pai. Vistas bem as coisas, Klein define um Édipo precoce em que a criança se afirma como uma espécie de perseguidor, enquanto que Freud apresenta a triangulação Edípica num quadro em que a possessão genital activa se confronta com a culpabilidade do desejo incestuoso e da representação da morte do pai.
Jacques Lacan, ao contrário de Freud, dá mais importância ao sujeito ao invés do ego; o sujeito é a figura central que tem a ver com a mãe, o corpo desta e os objectos parciais. O ego é uma espécie de espelho do sujeito. Este, quando pode recorrer à linguagem torna-se sujeito obstruído do desejo devido ao interdito do desejo do Outro, que também recorre à palavra. É, neste contexto de esgrima simbólica que a linguagem faz sentido e serve de aporte e suporte às formulações do imaginário de cada um. E fechamos com uma afirmação de Lacan: "O inconsciente é a primeira parte do discurso concreto enquanto transindividual, que falta à disposição do sujeito para restabelecer a continuidade do seu discurso consciente" (Sempè, et al ,1969: p. 100).
Embora a psicanálise não faça parte dos meus assuntos preferidos, sempre que passo por aqui leio-o com a maior atenção. Acho até curioso como há tantas coisas interessantes que eu desconheço. Obrigada.
ResponderEliminarUm beijo.