terça-feira, 22 de maio de 2018

A ALIENAÇÃO




Imagem do Google

 
            Alienação... Pois! O presente conceito possui raíz latina e pressupõe a ideia de abandono, de cedência, de cisão, de venda, de loucura. Filosoficamente, alienação significa a perda da consciência de si (autognose), de autogoverno, de autodeterminação; o sujeito reifica-se comportamental e institucionalmente a outrem e em seu favor, ao nível sócio-económico ou ideológico. Em termos mentais, a alienação transtorna quem desta anomalia padece, determinando no indivíduo comportamentos sociais desviantes.

            Com Hegel (1770-1831), que estudou Teologia ainda muito novo (até aos 24 anos), o conceito de alienação apontava para o referencial de “consciência de si, infeliz, fragmentada”, conforme deu a conhecer na sua primeira obra – Fenomenologia do Espírito. Por outras palavras, mas sem fugir da concepção Hegeliana, a consciência é sentida como clivada do real, embora a este pertença, necessariamente; logo, esse sentimento de desarticulação e distanciamento potencia a alienação e o despojamento intrínseco, a evasão inconsciente da realidade e do ser em si, sendo este (o ser em si) o sentido positivo da liberdade e da auto-realização.

             No escrito sobre “A Ideologia demos conta da relação e influência existentes entre a dialéctica hegeliana e o materialismo dialéctico marxista. Verifica-se o mesmo, no que à alienação diz respeito: Marx (1819-1883) estudou o conceito (metafísico) hegeliano de alienação e decidiu trabalhá-lo de forma mais concreta e humana, ou seja, mais material; e fê-lo, primeiro no âmbito da cultura e, depois, alicerçado em Feuerbach, sob o ponto de vista da interacção social, mormente quando a alienação é enquadrada no quotidiano laboral. Conforme Marx escreve em “O Capital”, a transformação dos meios de produção em capital e a metamorfose dos produtores em assalariados deve-se ao fenómeno alienante de separação de quem produz, da propriedade das condições de trabalho.

            De acordo com esta perspectiva inovadora, Marx adverte para a necessidade imperiosa de libertação dos trabalhadores escravizados pelo trabalho do qual não beneficiam (mais-valias), mas de que se devem apropriar. E acrescenta, não haver outro processo ou maneira de deixar de viver em um permanente estado de alienação, a não ser através da apropriação dos meios de produção, do trabalho e das mais-valias, para que seja possível alcançar a liberdade pessoal e social. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, diríamos, em conclusão, embora, neste dealbar do século XXI, a alienação, a todos os níveis, parece ter regressado indefectível... e não há quem a combata!

2 comentários:

  1. Você, meu caro Amigo, gosta mesmo destas teses filosóficas. E eu gosto de o ler…
    Uma boa semana.
    Um beijo.

    ResponderEliminar
  2. me gusta leerte y contemplar tus imagenes
    un abrazo desde el mar

    ResponderEliminar