quinta-feira, 3 de maio de 2018

A IDEOLOGIA




Imagem do Google

            A ideologia começou por ser uma disciplina de cariz filosófico cuja principal preocupação se centrou, não só no estudo das ideias, valores e princípios definidores e orientadores da maneira de olhar a vida e o mundo, mas também na forma de optimizar a acuidade de intuição sensível do real envolvente. De acordo com Louis Althusser (1918-1990), quem primeiro propôs o conceito de ideologia foi Cabanis e Antoine Destutt de Tracy (1754-1836), acabando por ser Karl Marx quem melhor o agarrou e teorizou – mas já lá iremos.

            As naturais capacidades intelectivas dos indivíduos e a sua aptidão para a criação e desenvolvimento de ideias constituíram, no século XIX, o objecto de estudo dos ideólogos. Estes perceberam que as ideias se ligavam aos métodos de conhecimento (gramática geral) e a aplicação do pensamento à realidade, no âmbito da lógica, embora não revestissem, por inteiro, nem formas lógicas ou metafísicas, nem factos meramente psicológicos, nem categorias do conhecimento. Isto é importante!

            Antes de Marx ainda, refira-se a visão de Maquiavel (1469-1527) no que diz respeito à hipótese de destrinça entre a realidade (política) e as ideias políticas. Também Hegel (1770-1831) considerou ser possível, no âmbito do processo dialéctico, a clivagem da consciência, nomeadamente no devir histórico, deixando aquela de ser o que é para ser o que não é. Depois de Hegel, então, vem Marx a terreno afirmar não serem as ideias que governam o mundo, mas as condições económicas que explicam a história – materialismo dialéctico marxista que partiria da dialéctica hegeliana, limitando-se apenas a proceder à inversão das premissas.

            É desta maneira que Marx vê a ideologia, considerando que esta  se adequa à camuflagem da realidade económica e social; a luta de classes que se trava no seio da sociedade é, segundo este filósofo, a própria dialéctica hegemónica da classe social dominante. Esta, para levar de vencida, tirando partido da força de trabalho das massas proletárias, afirma, por processos latentes ou dissimulados, através do cinismo ideológico, os seus reais intentos. Ou, então, a ideologia não ignora nem oculta a realidade, tornando-se, pelo contrário, o espelho dessa mesma realidade.

            Imaginem agora que o proletariado toma as rédeas do poder: neste caso a ideologia servirá como arma de luta das massas populares, na defesa dos princípios histórico-filosóficos do materialismo dialéctico, enquanto suporte da ideologia comunista. E o fundamental está dito. Refira-se apenas e ainda, a ideologia primeira – a democrática, originária da Grécia antiga; a capitalista, surgida no séc. XV; a conservadora, a nacionalista, a anarquista e a fascista (Itália e Alemanha – 1930 a 1945). Contudo, estamos já no século XXI, pelo que nos quedamos por uma última nota, apenas para referir que os filósofos do pós-estruturalismo acabaram por apontar a ideologia como tendo já subjugado o próprio marxismo mais renitente. Acham, mesmo?





1 comentário:

  1. É complexo uma conclusão Humberto.
    Li pouco sobre estes pensadores, um pouco mais de Marx e Hegel, por certo devido minha militância na esquerda estudantil um período de transição do governo no Brasil saindo de uma ditadura.
    Mas seu texto é muito rico de analises e descrições sobre os pensares.
    Valeu amigo.
    Abraços

    ResponderEliminar