Nesta “A Hístória
do Sexo no Cinema” o documentário tenta trilhar a senda
evolutiva da temática vertente, no quadro da cinematografia
deste género, ao longo dos tempos, utilizando o realizador uma
éspecie de revisitação do passado, recorrendo a
filmes mudos e fotografias de arquivo, sons característicos da
época retratada, opiniões de críticos da
especialidade, opiniões também de actores e de
personalidades diversas, como é o caso notório de Hugh
Hefner, o “pai” da Playboy.
No decorrer das décadas, ‘40, ’50, a abordagem do sexo no
cinema continuou sendo tímida, mas eficaz e sempre presente --
veja-se a produção a preto e branco “Lolita”;
“Who's
Afraid of Virginia Wolf?”, entre outros.
Já nos anos ’60
e ’70 a temática sexual assumiu contornos perfeitamente
viáveis, cuja censura operada pelo famoso lápis azul
pouco ou nada cortava, como aconteceu com os filmes “Guide for a
married man” e “Midnight Cowboy”. Ainda nos anos ’60, alguns
filmes apresentavam cenas de esboço lésbico,
absolutamente aceites pelo público, enquanto que a simples
presença de um actor cujo desempenho envolvesse, por mais
simples que fossem, atitudes e requebros efeminados, constituía
motivo para chacota e explosão de gargalhadas.
Nos anos ’70,
já depois do 25 de Abril, o sexo ousa mais – “O último Tango em Paris” insinua práticas sexuais veladas, nunca antes levadas a efeito ou simplesmente sugeridas. Anteriormente, no “Vale das bonecas II”
assistimos ao desfile de leves orgias, apenas esboçadas, e à
exibição de corpos femininos nus, a todo o ecrã,
de visionamento meteórico, sem nunca, no entanto, ostentarem a
zona púbica.
Com tudo isto crescia a
preocupação da Igreja que acaba por tomar posição
face à invasão sexual das salas de cinema, conseguindo
travar a investida do sexo mas não o tendo dizimado. Como quem
não quer a coisa, o cinema foi impondo, de novo, as cenas de erotização, começando por abordagens ténues ou cómicas,
sexo apenas subentendido ou aspergido, até que se decide
classificar os filmes segundo as várias faixas etárias às quais se destinavam.
Na actualidade têm
surgido filmes que tentam impor o sexo travestido de inocente ou de
folgazão, em quadros quer idílicos, quer caricatos como o são, respectivamente, os da “Lagoa Azul” e da série
“American Pie”.
Poder-se-ia acrescentar
algo mais? Talvez! Mas, para quê? Quando se trata de sexo, pelo
menos no cinema, é tudo sempre feito de forma rápida,
residual e furtiva. Não quero que esta minha análise
fuja do tom do documentário em si, previamente visionado, nem tão pouco da
abordagem particular da temática em análise,
perspectivada pela cinematografia em geral.
Nota 1: Imagem do Google;
Nota 2: Texto analítico por Inês Santos (2010)