quarta-feira, 9 de abril de 2014

DESREALIZAÇÃO EDUCACIONAL

Imagem do Google

Hoje, dia 9 de Abril de 2014, quarenta anos depois da Revolução dos Cravos, aquela que nos concederia a Liberdade perdida aquando da instauração da Ditadura Militar, em 28 de Maio de 1926, escutava eu o Jornal Noticioso das 13 horas, na SIC, quando tomei conhecimento de que, há dias, neste nosso “quadrado” rectângular, uma docente tinha sido suspensa, depois de, alegadamente, ter sido esmurrada, em plena sala de aula, por um seu aluno de 15 anos que, viria a sair impune... Trata-se, afinal, de mais um episódio deplorável, de autêntica desrealização educacional. Tentemos, então, enquadrar, ideologicamente, os factos.

É sabido que a sociedade tende a evoluir, quanto mais não seja, a reboque do progresso científico, na busca da melhoria das condições sociais de vida, na procura da emancipação das criaturas, no âmbito de uma mais conforme amplitude das liberdades. No entanto, nada disto tem o condão de influenciar, de forma linear, os indivíduos, até porque todas estas alterações que vão sendo introduzidas na comunidade dos homens, acabam por problematizar a autoridade tradicional, como, de facto, se viria a verificar ao longo das últimas quatro décadas, desta nossa Democracia tipicamente terceiro-mundista.

Uma vez aqui chegado, fácil se torna perceber a reviravolta plasmada na teia das relações familiares, pessoais, sociais, laborais e institucionais, já que, nas últimas décadas, têm vindo a se transmutar estatutos e papéis, competências e atribuições, tradições e hierarquias.

Mas, de acordo com este novo tipo de conceptualização (formal e informal) de que passou a se revestir a simples ideia de tessitura familiar, pessoal, social, laboral e institucional, desde há muito, e, já hoje, por maioria de razão, os educadores, professores e, fundamentalmente, OS PAIS, deveriam possuir na sua intrínseca interioridade (a redundância é propositada), a autenticidade da sua maturidade pessoal, que reverteria em natural e saudável autoridade, da mesma forma que os jovens deveriam possuir em si próprios o domínio dos seus desejos, pelo simples facto de que só é livre quem possui a prerrogativa de saber utilizar essa mesma liberdade com conta, peso e medida.

Acontece que tudo tem o seu início através de uma cuidada e equilibrada aprendizagem; de um aconchegado e lúcido clima familiar; de um perseverante e inteligente investimento no banco dos afectos sensatos e sentidos. Se assim não for, e na ausência de maturidade afectiva e de domínio interior, tudo descamba, se desequilibra, descarrila, atropela, se desmorona, se desvanece...

Por último: a energia recalcada, prisioneira e inconsciente de si mesma, não se expressa abertamente e procura vias travessas para obter satisfações e a inevitável descarga nervosa. Sem que o indivíduo se dê conta, age e reage subliminarmente, protagonizando comportamentos atitudinais desconcertantes: isto é válido, tanto para as pessoas como para as instituições, que não são mais (estas) do que grupos organizados (?!!!) de gente. E eis que desembocamos no exemplo reportado no primeiro parágrafo do escrito de hoje.

NOTA: Através do conceito "desrealização", quisemos aqui significar uma espécie de angústia social que tem levado os indivíduos a uma deriva do sentimento da realidade circundante.
Imagem do Google

1 comentário:

  1. Querido Zé
    A violência aumentou ultimamente, e, se nada for feito,vai continuar.
    A célula familiar alterou as suas funções.O amor, enquanto anti-egoísmo, dom de si, deixou de existir.
    Os afectos estão afectados.
    A maturidade atinge-se cada vez mais tarde,fruto de um constante facilitismo
    Os jovens, agora são quem manda em casa. e o que exigem dos pais exigem dos professores.que não os incomodem.Por vezes perguntam( e passo a citar): Em que é que isso contribui para a minha felicidade?!
    Como se tudo aquilo que temos de fazer seja só para a nossa felicidade e nunca com outro objectivo!
    Dantes, quem prevaricasse,sofria as consequências.Agora, quem sofre são sempre as vítimas e não os autores de maus tratos, a nível de escola!
    O Ministério, no afã de dizer que tudo está a correr bem , finge não ver o que se passa!
    Enquanto não se punirem os culpados, a violência tenderá a aumentar.
    Parabéns pelo texto que põe a nu uma ferida que provoca uma dor insuportável. Para os actuais docentes e para quem já o foi.
    Beijinho
    Mana

    ResponderEliminar