Na
nossa modesta opinião, a temática do sexo e da sexualidade é tão mais
fundamental para a formação e educação de crianças e jovens, quão menos
preconceitos de base, por parte do ministério da Educação, se fizerem sentir,
evitando dessa forma todo um conjunto de dificuldades na abordagem do fenómeno.
Este, tem de ser visto, necessariamente, no âmbito de um perfeito espírito de
clarividência e espontaneidade, através de conteúdos programáticos, não
enclausurados numa disciplina, propositadamente criada para o efeito. Pelo
contrário, tudo deve ser tratado com a normal naturalidade que decorre da
facilidade com que se pode lançar mão, em devido tempo, de vários textos de
apoio escritos e ilustrados, criteriosamente elaborados por entendidos na
matéria, “power points”, mapas, filmes, etc., proporcionando o seu esclarecimento
e leccionação, de forma transversal,
curricular, interdisciplinar, integrando, quando muito, uma nova “área
curricular não disciplinar”. O carro não deve ser colocado nunca à frente
dos bois, pelo que a informação só deve ser disponibilizada na medida da
curiosidade das crianças.
Para
quem reivindica uma nova disciplina para o ensino obrigatório, abarcando a
problemática do sexo e da sexualidade, pergunta-se se não seria também
pertinente criar novas disciplinas versando a educação respiratória, a educação
cardíaca e circulatória, a educação urinária, a educação digestiva, e por aí
adiante?!...
Não
podemos continuar a meter a cabeça na areia como faz a avestruz, nem a tapar o
sol com a peneira, fingindo que não somos todos dotados de um sexo que nos
diferencia e completa, relativamente aos indivíduos do sexo oposto. Quantas
vezes não temos sido capazes de enfrentar os naturais desafios do sexo e
acabamos por nos comportar de maneira compensatória: com nervosismo, com rubor,
desajeitadamente, com suores frios e medos inexplicáveis?! Ou, então, agindo
como as mulheres do solheiro, apontando o dedo aos outros sem um mínimo de
critério, ou arvorando uma curiosidade mórbida, voyeurista, doentia e
ordinária.
Tudo
isto acontece, claro, porque para trás, na nossa história de vida (a timidez é
um dos primeiros sinais da neurose que o sexo tece, e pode ocorrer
precocemente), ficaram imensos anos de mentiras, de mistificações, de silêncios
e muita, muita ignorância que acaba por colocar o sexo e a sexualidade num
perigoso e vegetativo estado de hibernação.
Tal
estado de hibernação artificial faz desencadear uma enorme série de “cios” que se repetem de forma descontrolada e
imprevisível, uma vez que os indivíduos que assim foram (des)educados enfermam,
quer queiramos quer não, de um acutilante erotismo larvar, propiciador de uma
instintiva curiosidade mórbida que não é saciada nunca. Esta, lança a criança,
o jovem ou o adulto num terrível desequilíbrio e desorientação psico-afectivos,
mesclados de uma acabrunhante e culposa conflitualidade interior.
NOTA: Imagem do Google
NOTA: Imagem do Google