domingo, 15 de maio de 2016

A ESCOLA ESCAMOTEADA?

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     A propósito da mais recente polémica sobre o financiamento público da escola privada – existe aqui uma inelutável contradição –, profusamente alimentada e carreada pela comunicação social, em geral, e pelos núcleos ideológicos nacionais, em particular, constatámos, uma vez mais, o quão escamoteada está a ser, na sua verdadeira essência, a Escola, enquanto instituição basilar, fundamental, cujo estatuto e papel deve estar ao serviço da preparação consciente, sensata e equilibrada das gerações futuras.

            Do nosso ponto de vista, tanta efervescência radica apenas, alegadamente – se tentarmos penetrar no mais recôndito e profundo âmbito de eventuais motivações inconfessáveis –, nos interesses mercantilistas de atracção do produto do sempre renovado e actualizado “brutal aumento de impostos” a que vamos estando contínua e irremediavelmente sujeitos. Não façam, ao menos, entrar na liça as criancinhas!

            Reparem: não existem métodos pedagógicos infalíveis, e, tudo dependendo do meio no qual evolui a criança, assim poderá variar o seu próprio desenvolvimento. No entanto, a melhor educação é sempre aquela que assenta na experiência vivida, quando a escola, de forma atenta e controlada, permite que os alunos protagonizem vivências pedagogicamente ricas e didacticamente consolidadas, capazes de aportar resultados positivos, na sequência do procedimento discente, no âmbito de uma certa liberdade de escolha. Mas, como sempre temos afirmado, tudo começa no lar de cada um, no seio da família, não só através dos melhores ou dos piores exemplos, mas também, por intermédio de uma boa ou de uma má organização da vida doméstica.

            Os objectivos familiares são sempre definidos ou negligenciados pelos pais, devendo estes, no caso que aqui importa relevar, possuir sentido crítico face à vida, sendo capazes de agir de acordo com uma certa disciplina pessoal, em função do seu posicionamento familiar e das suas responsabilidades sociais. O exemplo é tudo.

            Os pais devem possuir um conhecimento adequado dos filhos e saber agir de acordo com as suas reais necessidades, respeitando o seu ritmo de desenvolvimento e a sua capacidade de aprendizagem, não projectando nunca sobre as crianças os seus défices de afirmação e identidade, numa tentativa de compensar, no presente, frustrações do passado. Objectividade é tudo quanto se exige, nem que para tal seja necessário recorrer a entendidos na matéria.

            A educação é um continuum que deve propiciar à criança um desenvolvimento lento e sustentável; este tipo de processo pode, inclusivamente, registar retrocessos que urge conhecer e acompanhar com calma e sabedoria.

          Por muito que custe aos pais, educar implica sacrifícios no sentido de dotar os rebentos de hábitos salutares e de entrosamento ao clima social da família, de forma confortável e pertinente. Aqui, principalmente, os exemplos dos adultos são fulcrais, até porque, mais tarde, no seio dos pares, as crianças servirão também de modelos umas das outras. Em família, cada elemento deste núcleo social deve responder pela suas atribuições, não recorrendo, portanto, a bodes expiatórios.

            Fora de questão estão, ainda, os comportamentos de desforço, por ignorância ou mau carácter do pai em relação à mãe, devido às alterações de humor que esta experimenta em resultado das variações hormonais mensais, durante a gravidez, aquando do desmame e, pior do que tudo isto junto, sempre que se verificam tentações de rivalizar com o filho ou a filha, em nome de certos desequilíbrios afectivos mal geridos.


         Se as famílias forem capazes de estar atentas a estes pequenos-grandes pormenores, a educação tomará o rumo mais adequado a um airoso desenvolvimento das crianças, sem que seja necessário impor sanções ou coagir dolorosamente os pequenitos. Os miúdos quando percebem o que se lhes pede, desempenham com alegria o seu papel de filhos e, mais tarde, na escola, estarão aptos a dar continuidade à sua formação integral e integrada. Como escreveu A. S. Makarenko: “Toda a arte pedagógica está em encontrar o melhor de cada ser e pô-lo em relêvo”.

1 comentário:

  1. Educar é difícil. Ser mãe ou pai é muito problemático principalmente devido à falta de preparação dos mesmos. No entanto há o amor que supera muitas das dificuldades...
    No geral penso que o seu texto toca os pontos sensíveis. E quanto ao assunto das "escolas" concordo quando diz que esta polémica "é profusamente alimentada pela comunicação social, em geral, e pelos núcleos ideológicos nacionais".
    Beijo.

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