terça-feira, 6 de dezembro de 2016

LET THERE BE PEACE


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       O calendário exibia o mês de Dezembro de 1980, quando, em Nova York, no fatídico dia 8 (oito), foi assassinado John Lennon, esse grande vulto da música “pop”. Decorreram já trinta e seis anos, mas a mensagem de paz e de harmonia entre os povos, que o mais famoso dos quatro “Beatles” sempre tentou fazer passar, acabou por deixar os seus frutos, não obstante a teimosa e sempre reiterada insistência dos homens em perseguir e sofisticar os caminhos da discórdia e da guerra.

     Desde o alvorecer dos anos sessenta do século passado, que os quatro de Liverpool se juntaram para, autenticamente, revolucionar a música dita popular, tendo muito rapidamente destronado os resquícios do já hoje saudoso “rockn'roll” norte americano, da década de 50, onde assumiam lugar de destaque Little Richard (quem não se lembra dos temas “Good Golly Miss Molly”, “Tutti Frutti” e outros); de Elvis Presley (“A Little Less Conversation”, “Blue Suede Shoes” ou “In The Ghetto”); de Sam Cook ou Ray Charles, entre outros? Evidentemente que todos estes monstros sagrados não pereceram, pura e simplesmente, mas tiveram de competir, de forma árdua e nem sempre suficientemente conseguida, com os quatro jovens britânicos que vieram para ficar, ao contrário do que, insistentemente, se dizia das suas carreiras, de início surpreendentemente fulgurantes.

            Dos quatro Beatles, a saber John Lennon, Paul McCartney (os autores principais), George Harrison e Ringo Starr, John Lennon foi, sem sombra de dúvida, o mais ousado, criativo e polémico, tendo em conta as iniciativas que protagonizou, nomeadamente no que concerne às chamadas de atenção sobre a necessidade de se lutar afincadamente pela paz no planeta Terra. Para lá das letras das canções “Imagine” e “Give Peace a Chance” , devemos aqui salientar a sua “conferência de imprensa”, em contexto de lua-de-mel, sob a égide da paz e da (re)conciliação entre os homens, independentemente dos seus credos políticos ou religiosos, para a qual contou com a companhia e colaboração da mulher de origem chinesa (Yoko Ono, com quem casou em Gibraltar, em 20 de Março de 1969), dada à imprensa da época, tendo-se apresentado nus, num quarto de hotel, durante vários dias. Inelutavelmente marcante, fundamentalmente pelo alcance que visava obter.

Na sequência do teor do parágrafo anterior, não podemos deixar de referir o  sentido de oportunidade extraordinário, tendo em conta ainda o interesse que sempre cultivaram, na linha de tentarem procurar permanecer, o mais tempo possível, no primeiro lugar dos discos vendidos, nas principais capitais europeias e mercados norte-americanos, naturalmente pela visibilidade que tal facto lhes traria, também a nível mundial, estes quatro cavaleiros da música popular anglo-saxónica, não tardaram  em compor, tocar, gravar e lançar uma excelente balada,  intitulada “Ballad of John and Yoko”. A letra era (e é) curiosíssima, se observarmos o sentido das dificuldades que se lhes deparavam no momento; a percepção da realidade palpável, face aos propósitos que os animavam: “Christ, you know it ain't easy; you know how hard it can be; the way things are going; they're going to crucify me”. Profecia fatal esta, a de John Lennon...

     Com o que acabamos de escrever pretendemos, por um lado, prestar a nossa sentida homenagem ao “leader” incontestável e incontestado do agrupamento musical inglês, que tanta companhia nos fez na juventude, principalmente nessa época, e, por outro lado, recordar a sua difícil luta pela paz, que tanto tarda e que, por isso mesmo, tanta falta vai fazendo no convívio entre os homens de Boa-vontade, nas relações entre os povos, culturas e  diferentes maneiras de estar na vida. Hoje, mais do que nunca, devemos porfiar; nesta época de Natal que se aproxima a passos de gigante, devemos ter presente a importância da paz; o clima fantástico que representa e significa, para todos, a possibilidade de se viver no seio da tranquilidade e do desenvolvimento harmónico, rumo ao progresso e à salutar compreensão da liberdade e dos direitos do próximo, tal e qual pregou Jesus Cristo.

 

Nota: Reedição do artigo publicado em “O Primeiro de Janeiro”, em 20/12/2005

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