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O
calendário exibia o mês de Dezembro de 1980, quando, em Nova York, no fatídico
dia 8 (oito), foi assassinado John Lennon, esse grande vulto da música “pop”.
Decorreram já trinta e seis anos, mas a mensagem de paz e de harmonia entre os
povos, que o mais famoso dos quatro “Beatles” sempre tentou fazer
passar, acabou por deixar os seus frutos, não obstante a teimosa e sempre
reiterada insistência dos homens em perseguir e sofisticar os caminhos da
discórdia e da guerra.
Desde o alvorecer dos anos sessenta
do século passado, que os quatro de Liverpool se juntaram para, autenticamente,
revolucionar a música dita popular, tendo muito rapidamente destronado os
resquícios do já hoje saudoso “rockn'roll” norte americano, da década de
50, onde assumiam lugar de destaque Little Richard (quem não se lembra
dos temas “Good Golly Miss Molly”, “Tutti Frutti” e outros); de Elvis
Presley (“A Little Less Conversation”, “Blue Suede Shoes” ou
“In The Ghetto”); de Sam Cook ou Ray Charles, entre
outros? Evidentemente que todos estes monstros sagrados não pereceram, pura e
simplesmente, mas tiveram de competir, de forma árdua e nem sempre
suficientemente conseguida, com os quatro jovens britânicos que vieram para
ficar, ao contrário do que, insistentemente, se dizia das suas carreiras, de
início surpreendentemente fulgurantes.
Dos quatro Beatles, a saber John
Lennon, Paul McCartney (os autores principais), George Harrison e Ringo
Starr, John Lennon foi, sem sombra de dúvida, o mais ousado, criativo e
polémico, tendo em conta as iniciativas que protagonizou, nomeadamente no que
concerne às chamadas de atenção sobre a necessidade de se lutar afincadamente
pela paz no planeta Terra. Para lá das letras das canções “Imagine” e “Give
Peace a Chance” , devemos aqui salientar a sua “conferência de imprensa”,
em contexto de lua-de-mel, sob a égide da paz e da (re)conciliação entre os
homens, independentemente dos seus credos políticos ou religiosos, para a qual
contou com a companhia e colaboração da mulher de origem chinesa (Yoko Ono,
com quem casou em Gibraltar, em 20 de Março de 1969), dada à imprensa da época,
tendo-se apresentado nus, num quarto de hotel, durante vários dias.
Inelutavelmente marcante, fundamentalmente pelo alcance que visava obter.
Na
sequência do teor do parágrafo anterior, não podemos deixar de referir o sentido de oportunidade extraordinário, tendo
em conta ainda o interesse que sempre cultivaram, na linha de tentarem procurar
permanecer, o mais tempo possível, no primeiro lugar dos discos vendidos, nas
principais capitais europeias e mercados norte-americanos, naturalmente pela
visibilidade que tal facto lhes traria, também a nível mundial, estes quatro
cavaleiros da música popular anglo-saxónica, não tardaram em compor, tocar, gravar e lançar uma
excelente balada, intitulada “Ballad
of John and Yoko”. A letra era (e é) curiosíssima, se observarmos o sentido
das dificuldades que se lhes deparavam no momento; a percepção da realidade
palpável, face aos propósitos que os animavam: “Christ, you know it ain't
easy; you know how hard it can be; the way things are going; they're going to
crucify me”. Profecia fatal esta, a de John Lennon...
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