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É
ponto assente, que o tipo de relações, que se vão gradualmente esboçando entre
crianças de tenra idade, é muitíssimo diferente da qualidade relacional
verificada entre adultos. Mas reduzamos o nosso campo de análise ao simples,
embora importantíssimo, aspecto da amizade. Conforme temos escrito – outros o
afirmaram já –, o homem é um animal social e político, o que vale por dizer que
é incapaz de viver isolado, a não ser que tenha, de todo, enlouquecido.
Serve-se, portanto, da interacção com os outros para a concretização dos seus
projectos de vida; o que é legítimo, de resto, se não forem ignorados os
direitos dos outros e a sua dignidade humana, conforme teor da obra “Fundamentação
da Metafísica dos Costumes”, de Immanuel Kant (1724-1804) . E é
precisamente este estado de coisas, este comportamento íntegro e sério que pode
induzir a posterior amizade entre adultos...
Não acreditamos no inverso, isto é,
só porque convivemos e conversamos amiúde, num qualquer espaço circunstancial
de lugar onde a rotina nos coloca diariamente (no ginásio, no café, no
escritório, nas redes sociais, etc.), passamos ao convencimento de que estamos
a construir uma vasta rede de amizades, logo, se for caso disso, até podemos
ter negócios com esses “amigos”, pois tudo correrá pelo melhor. Não se iludam!
Equacionando agora a amizade como
sendo um constructo que radica na infância, convirá elucidar sobre o
carácter embrionário da relação, tendo em conta o desenvolvimento da
personalidade infantil e a observação que a criança vai fazendo do universo
adulto familiar. Por isso mesmo é que o jogo vai assumindo características
simbólicas tão marcantes, a caminho de aprendizagens concretas. As crianças
brincam aos pais e às mães, aos médicos, às casinhas e vão recriando a
realidade que as envolve, primeiro em casa, depois na escola, no sentido de uma
maturidade alicerçada e de uma mais estruturada consciência social. É nestas
andanças que podem acontecer amizades para a vida...
É isso, estamos a falar de amizades
com vida própria e não daquelas que surgem já na adultícia, de geração
espontânea, com carácter duvidoso, e de que depois nos lamentamos. A amizade
deve crescer como uma árvore de frutos: tem de ser cultivada em terreno
propício, estacada, regada, adubada, acarinhada, nunca danificada nem ignorada,
para que seja possível, a seu tempo, sentirmos o delicioso sabor dos seus
frutos.
Não tratem, contudo, os pais, de
forma sufocante, hiperprotectora, aniquiladora, os seus filhos, muitas vezes
por insegurança em si próprios, comprometendo a aprendizagem afectiva dos
filhos. Esta só medra através de uma salutar multiplicidade de contactos
responsáveis, o que levará as crianças ao desenvolvimento de afectos naturais e
sinceros, no âmbito de uma emocionalidade sadia, capaz de iduzir sentimentos
fortes e decididos, indispensáveis à construção da verdade e da esperança no
futuro.
Há amizades de infância que duram toda a vida, é certo. Mas também há amizades que se constroem no dia a dia. Não são muitas. mas algumas dão certo...
ResponderEliminarUma boa semana.
Beijos.