sábado, 5 de janeiro de 2019

AUXILIARES DE ACÇÃO MÉDICA




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    A moderna sociedade (ocidental) do Bem-estar assenta, ainda e fundamentalmente, em pressupostos conceptuais e materiais que foi possível conceber e implementar a partir de uma nova mentalidade e cultura democráticas, ocorridas depois do “arrumar da casa” tornada caos, dor e perplexidade, em virtude do descalabro da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Como sempre acontece nestas situações, são os mais indefesos e impreparados – as crianças e os velhos – a sofrer na pele os efeitos deste tipo de conflitos absurdos, aberrantes e redutores.

    Neste primeiro quartel do século XXI, tendo em conta a situação da população mais velha, nomeadamente aqui, em Portugal, torna-se pertinente interrogar os responsáveis ligados à Segurança Social sendo esta uma tão publicitada conquista democrática –, se se está a respeitar o estatuto do Velho, em toda a sua real dimensão, à qual se impõe a religiosa vertente da dignidade pessoal de quem merece o reconhecimento do seu historial passado e a mais-valia da experiência adquirida e do conhecimento acumulado.

    Hoje, volvidos que estão setenta e quatro anos desde o termo do segundo grande conflito armado mundial; agora, que se contam já quarenta e cinco anos desde que ocorreu a Revolução do 25 de Abril de 1974, que expectativas podem, afinal, alimentar as famílias que integram velhos, com os problemas inerentes ao avanço da idade, e o que é que tem sido feito, por quem de direito, para resolver (ou tão-só minorar) os problemas dos velhos?!

     Nos Lares da dita Terceira Idade, salvo raras e honrosas excepções, tudo deixa muito a desejar... No âmbito do Serviço Nacional de Saúde, as bichas são intermináveis e as marcações adormecem no tempo, ainda que ignoremos o preço escandaloso dos medicamentos... No apoio domiciliário, pelo menos, tem valido o empenho e a dedicação das Auxiliares de Acção Médica, há uns anos rebaptizadas com a designação (quanto a nós ultrajante) de Ajudantes de Acção Directa ou Assistentes Operacionais – conceitos demasiado vagos, cinzentos e perecíveis, tendentes a desprestigiar o estatuto genuíno e altruísta de tão grandes mulheres.

    De resto, tudo se tem consubstanciado na perda de todo o tipo de direitos laborais, para salários mesquinhos e sobrecarga horária, destas profissionais que, no seu desempenho de alto risco e desgaste rápido, se encontram a braços com dificuldades terríveis que não cabe aqui enumerar. Sim, encontramo-nos face a Um Drama já Velhinho, já que drama tem origem na palavra grega, também assim escrita, que significa, antes de mais, “acção”, mas que, na sua asserção mais ampla pode ser vista como o meio-termo entre a tragédia e a comédia que se representa no estafado e já velhinho palco da vida, onde interagem não só crianças e jovens, mas também adultos e velhos. Saibamos conviver para sermos capazes de viver.



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