Temos
estado sujeitos a um logro magistral, no seio do qual vamos todos
vivendo (?!), há já demasiado tempo, num mundo
comandado pela ambição demolidora do bicho-homem, cuja
cobiça e soberba, corrosivas, tendem a perpetuar políticas
artificiais, em nome de objectivos que devastam e aniquilam, em todo
o mundo, milhões de vidas, na sua caminhada inexorável,
em favor de lucros sempre crescentes, que passam pela destruição
sistemática de outros tantos postos de trabalho.
Tudo
se passa exactamente como descrevemos no parágrafo anterior;
no entanto, tudo se anuncia como se aquilo que efectivamente se
verifica, fosse apenas cíclico, e pudesse ser contrariado ou
invertido, através de políticas reformistas,
configuradas por estratégias vigorosas, tendentes a perpetuar
a ilusão fantasmagórica do tótem
dos nossos dias: a visão fugaz e holográmica do
trabalho remunerado.
Contudo,
o homem continua a aspirar, acima de tudo, à liberdade, e a
experiência – as várias experiências –
colectivista(s), onde as elites dirigentes protagonizam, a seu
bel-prazer, ambição, expansionismo e belicismo,
redundaria num total fracasso, frustrando o povo, oprimido pelos
déspotas.
O
conceito de trabalho, tal como hoje o concebemos, foi há muito
ultrapassado, pelo que a ideia de emprego a ele associado, não
passa de uma alucinação quixotesca. Não adianta
tentar agarrar, desesperadamente, as sombras de um mundo que não
chega sequer a ser alegoria, uma vez que o vazio está aí,
porque a realidade a que alude, pura e simplesmente não
existe.
A
crise internacional, a crise europeia, a crise portuguesa são
episódios de uma novela mal contada, com que nos entretêm,
levando-nos ao equívoco, à alienação.
Estamos todos perante uma alteração brutal, isso sim,
do figurino civilizacional à escala global; estamos todos já perante uma nova era, sem termos percebido que a anterior
desapareceu. Se não agirmos em função da nova
realidade e continuarmos agarrados a fantasmas virtuais, não
conseguiremos nunca encetar um novo caminho.
E,
perante a realidade sensível que políticos insensíveis
deturpam, Portugal tombou já no abismo do descalabro, numa
demonstração de insuportável incapacidade, de
escandalosa impreparação, de despudorada falta de
sentido patriótico.
Por
último, importa aludir ao curioso e recorrente joguinho das
sondagens. Como escreveu Feuerbach (1804-1872),
no prefácio à segunda edição de “A
Essência do Cristianismo”: “(...) o
nosso tempo prefere a imagem à coisa, a cópia ao
original, a representação à realidade, a
aparência ao ser (...)”.
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