segunda-feira, 21 de abril de 2014

CHAMAR (A)OS BOIS PELOS NOMES



Imagem do Google
Que sorte ter nascido, crescido e vivido no espaço amplo, desafogado e puro de uma casa rural, mesmo junto à malograda ponte Hintze Ribeiro, cujo colapso se verificou no dia 04 de Março de 2001.

Gozei, desde muito cedo, dos prazeres do campo, da terra lavrada, dos aromas naturais, da azáfama das sementeiras, das plantações e das colheitas... e aprendi muito na altura própria!... E foi precisamente nesses tempos que fiquei a saber o significado literal da expressão - chamar (a)os bois pelos nomes.

Um dos caseiros (a quem presto homenagem no romance "O Chão dos Sentidos"), sempre o mais avinhado, desconcertante e divertido, detinha a propriedade de dois bois magníficos, mansos e luzidios, muito bem tratados e alimentados, de resto, os quais baptizara, respectivamente, de "GALANTE" e "AMARELO".

Ora, quando os vapores do álcool lhe turvavam por demais a vista, e, sem se aperceber, trocava a posição dos bichos no robusto carro de madeira, acontecia que chamava "GALANTE" ao "AMARELO" e "AMARELO" AO "GALANTE". Resultado: os animais não arredavam os cascos do solo, e os afazeres empatavam, para desespero do Sr. Eduardo "RAITE", a quem, de novo, tiro aqui o chapéu. CONCLUSÃO: cada boi tem o seu nome e só funciona no seu devido lugar.

Vem esta grata recordação a propósito das sucessivas e reiteradas políticas de encerramento indiscriminado de escolas públicas, enquanto as privadas continuam a ser financiadas com o dinheiro dos nossos impostos. Mais: os mega-agrupamentos, praticamente sem o apoio fundamental de auxiliares de acção directa (contínuas) e de equipas multidisciplinares (psicólogos, assistentes sociais, médicos, enfermeiros, etc.), constituem escandalosas concentrações de alunos deslocalizados e desinseridos, mal e deficitariamente acompanhados pelos professores compulsivamente  coagidos a tarefas inúteis de carácter administrativo.

Antes de mais, discordo radicalmente de Escolas Básicas Integradas, de Agrupamentos ou outro tipo de estruturas similares, ou seja, de amálgamas pensadas em função de destemperos economicistas, devido às diferenças de fundo entre o 1.º Ciclo do Ensino Básico, o 2.º, o 3.º e o desinspiradamente apelidado Ensino Secundário. (CONTINUA)

7 comentários:

  1. Boa tarde, Humberto
    Começo por dizer que tenho muito prazer em conhecê-lo. Esta é o que se chama uma frase feita mas, tratando-se do irmão da querida amiga Beatriz, deixa de ser
    frase feita e passa a ser muito sincera.
    Foi muito bom ter aparecido na minha «CASA». Obrigada por isso e também pelo comentário.
    Estive a dar uma vista de olhos aos seus posts anteriores, e gostei do que vi.
    Quanto a este último post agradou-me muito.
    A primeira parte, que se refere aos bois Galante e Amarelo, fez-me recordar a minha infância, já que, entre os 6 e os 10 anos vivi numa quinta enorme, onde havia vários animais. Não aprendi nada dos trabalhos agrícolas :), mas desfrutei de todos esses prazeres campestres que tão bem descreve.

    A segunda parte do seu post (desculpe dividi-lo em duas partes...) aborda um assunto deveras pertinente e sobre o qual, se me pusesse a "falar" nunca mais me calava. Para que possa entender-me dir-lhe-ei que tenho uma filha professora, e, entre familiares e amigos, os professores contam-se para cima de duas dezenas.
    Aguardarei pela continuação e depois direi mais qualquer coisa, doutro modo este comentário ficaria demasiado extenso.

    Quando quiser voltar a aparecer dar-me-á muito prazer.
    Eu publico apena duas vezes por mês, no dia 14 e no último dia (30 ou 31 - em Fevereiro foi a 28... claro!)

    Vou já fazer-me sua seguidora (houve, por certo, qualquer problema, porque o sei ícon não consta entre os meus seguidores).

    Desejo uma óptima semana.
    Beijinhos

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  2. Peço muita desculpa, mas afinal não vejo aqui quadro de seguidores...
    Não quer que o sigam? Ou apenas por esquecimento não criou essa opção?

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  3. Obrigado pelos comentários, Mariazita.
    Ainda não descobri como se cria essa opção. Não sou grande coisa em informática. Vou tentar mudar as coisas.
    Beijinhos.

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  4. Que beleza te ler e ver tais recordações tão bem colocadas por aqui! Linda imagem ilustrativa igualmente!Adoei passar aqui! abraços,chica

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  5. Querido Mano
    Acabei de escrever o meu comentário e...«tudo o vento levou»!
    Vamos a ver se reconstituo...
    Apesar de estar sempre muito bem avinhado,confesso que senti saudades do sr.Eduardo «Raite»,o Raitinho,como o povo carinhosamente lhe chamava.
    Quanto aos mega-agrupamentos,cumpre-me lamentar o que está a acontecer aos professores,tão sobrecarregados com funções para além das da docência!
    Os alunos merecem outro tipo de tratamento,pois nestes estabelecimentos,nem todas as suas necessidades são respeitadas.
    É pena que os responsáveis pelo Ministério da Educação não queiram fazer a experiência de leccionar/trabalhar ao menos durante uma semana ,nestas condições,de preferência em alturas de testes ou de momentos de avaliação.
    É que sou fã da expressão«Melhor é experimentá-lo»...E se«Não o experimentares,não julgues que o sabes bem». Embora escritas noutro contexto,creio que se aplicam aqui muito bem.
    Parabéns pelo texto.
    Um beijinho
    Mana

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  6. Querido Zé
    Vou tentar,pela terceira vez,tecer um comentário!
    Apesar de andar sempre muito bem avinhado,o certo é que senti saudades do sr. Eduardo «Raite»,o Raitinho,como o povo carinhosamente lhe chamava.
    Quanto aos mega -agrupamentos,cumpre-me lamentar o que estão a a passar os professores tão sobrecarregados com funções para além das da docência.
    os alunos também merecem muito melhor,pois aqui,nem todas as suas necessidades são contempladas.
    É de lamentar que ninguém do Ministério da Educação queira fazer a experiência de trabalhar nestas condições, pelo menos durante uma semana..
    Acredito que «se não o experimentares,não julgues que o sabes bem». Embora escrita noutro contexto, esta frase bem se aplica a esta situação.
    Parabéns pelo texto.
    Um beijinho
    Mana

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