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Hoje
em dia, usa-se e abusa-se da palavra liberdade. Seria inconcebível, de resto,
que se pretendesse afirmar que vivemos no seio de uma democracia, para depois
se passar a negar que a liberdade existe; mas, como tudo na vida, também aqui,
a liberdade veste as roupagens de um relativismo cómodo, em função dos
múltiplos interesses e conveniências de outras tantas “liberdades” com
carácter intrusivo. Ou será que agora se fala tanto em liberdade, porque, esta,
afinal, de vez em quando, se torna ausente e, portanto, nos faz imensa falta?!
Não, não; não se trata de um
discurso particularmente político, nem tão pouco oposicionista; pretende-se
apenas enquadrar a actual síndroma da falta de liberdade, ou da limitação
desta, ou, ainda, se se preferir, da subordinação ou dependência, na
contingência a que tem estado sujeita a escola (Sistema Educativo Nacional), de
um conjunto diversificado de condicionalismos que, necessariamente, emperram ou
desarticulam a acção dos professores, dos alunos e dos restantes elos da
comunidade educativa.
Ainda que se escamoteie a carga
político-ideológica, social e cultural que subjaz à prática lectiva de todo e
qualquer docente, e que diverge, como está bem de ver, de profissional para
profissional, ela está sempre presente, para o bem e para o mal, e constitui,
por si só, uma contingência que pode ser positiva, negativa ou neutra.
Mas é também possível afirmar a
existência de inúmeras expectativas em relação aos professores, não só por
parte da tutela – e nesta reside a principal força político-ideológica –, na
forma como esta encara a formação inicial e contínua dos docentes, mas também
da parte dos pais, tendo por base as suas crenças, credos, assunções, ritos,
cultos e valores, etc., relativamente à escola, e às representações ou
imaginário que da mesma possuem, no que diz respeito ao papel efectivo dessa
mesma escola, e que se multiplicam, aquelas e estes, contingentemente, em
miríades proposicionais de uma retórica incandescente que a ninguém aproveita,
numa “Babel” de desarticulada incompreensão.
A escola existe para integrar,
socializar, formar e informar, sobremaneira, os cidadãos deste país, desde a
idade – a ponderar, logo, não contingente – dos quatro anos, mas, tal quadro
não funciona caso não sejam criadas as condições “sine qua non” à interacção de
uma dinâmica organizacional apropriada, para que esta possa ser implementada e
desenvolvida eficiente e eficazmente, propiciando a normal laboração do
estabelecimento escolar, seja ele qual for, fundamentalmente ao nível da
relação dialéctica mais “nobre”, que é aquela que se estabelece entre
professores e alunos. Tudo isso foi gorado.
Temos plena consciência de que continuamos a viver
tempos difíceis, porque outros abusaram da liberdade de que dispuseram,
comprometendo, entre muitas outras coisas, também o futuro da educação e a
liberdade da escola, e, absurdo dos absurdos, permanecem impunes e com vontade
de sorrir. Ainda assim, convém acautelar a ambiência escolar e pesar seriamente
o que efectivamente será mais útil para o país: se continuar a usufruir de uma
escola contingente, ou se garantir a certeza de implementar uma uma escola com
GENTE.
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