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A
esperança devida... Sim, claro, a esperança que nos é devida, a nós que
integramos a espécie humana e que temos o direito e o dever de tudo fazer, dentro
dos limites do razoável, do sensato, e no âmbito da comunidade dos homens de
boa vontade, sem atropelo das normas mais elementares da democracia e da
liberdade que propicia a coexistência pacífica e a coesão social. É que tem
sido esse tipo de esperança, saudável e legítima, que tem potenciado a extensão
da outra esperança, a de vida, aumentando o tempo de convívio, entre si, dos
seres humanos, sine die e à face do planeta, até idades invejáveis.
Esta é, sem dúvida, uma realidade em
alta, nos dias que correm, e que se tem vindo a verificar, grosso modo, desde
o período que se seguiu ao final das hostilidades ocorridas, a nível mundial,
entre o ano de 1939 e o ano de 1945 – Segunda Grande Guerra. Por um lado, foram
sendo criadas melhores condições de vida para a generalidade dos cidadãos,
foram surgindo melhores empregos, melhor remunerados e respeitando a
necessidade de lazer dos trabalhadores; melhor apoio à infância e à
adolescência; começaram a aparecer novas empresas a explorar de forma mais eficaz
as matérias-primas do planeta, novas descobertas ao nível da ciência
médico-medicamentosa, entre muitas outras factualidades. Tudo isto, viria a
reforçar a consistência da esperança que nos é devida, e, portanto, a nossa
esperança de vida.
Por outro lado, no entanto, e
reportando-nos nós ao mesmo período histórico-temporal, quanto maior é o
desenvolvimento maiores se nos apresentam as contradições inerentes a esse
mesmo progresso, por força da loucura dos homens. No prefácio do nosso romance O
Chão dos Sentidos (Santos, 2013: 18), citamos James Lovelock, devido à
extraordinária lucidez com que este cientista interpreta a humanidade: não
existe, diz ele –, porque “existem apenas seres humanos, movidos por ilusões
e por necessidades em conflito, e sujeitos a toda a espécie de enfermidades da
vontade e do juízo”. Pois é este o outro lado da moeda que nos coarcta a
esperança devida e nos tolhe a esperança de vida.
Isto acontece, por força de
interesses belicistas inconfessáveis a que estão associadas as guerras e tudo
o que estas precipitam, a saber a mortandade indiscriminada, as perseguições,
as destruições massivas (pessoais e materiais); pelas agressões ao equilíbrio
planetário e pelas consequentes calamidades climáticas; pelo fim da
regulamentação dos mercados e da correlação entre o ouro e o papel-moeda; pelos
acidentes motorizados; pelos ataques terroristas; pelas doenças da modernidade
(a diabetes, as cardio-vasculares, os cancros, as respiratórias, as várias
psicoses e outras)... Tudo isto mata ou descaracteriza o indivíduo, muito mais
do que à primeira vista pode parecer.
E, porque a esperança que nos é devida deve ser sempre
a última a morrer, terminamos, agora, com uma citação própria, colhida do nosso
mais recente romance As Cores da Alma (ainda na gaveta: 135): “Ainda
assim, em períodos críticos de caos, de guerra ou de desgraças acidentais, e ao
contrário das restantes espécies animais, só o homem é capaz de protagonizar
gestos de solidariedade, empatia e altruísmo, talvez para compensar certas
atitudes extremas, visíveis ou subreptícias, manifestas ou encapotadas,
registadas no dia-a-dia dos relacionamentos familiares, sociais, laborais ou
institucionais”.
Pois é, amigo, nesse pós-guerra em que tudo parecia possível, foi mais fácil concretizar alguma dessa esperança...
ResponderEliminarMas concordo com a citação que lhe pertence: “Ainda assim, em períodos críticos de caos, de guerra ou de desgraças acidentais, e ao contrário das restantes espécies animais, só o homem é capaz de protagonizar gestos de solidariedade, empatia e altruísmo..."
Um beijo.