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Conforme
ficou já escrito, a religião católica foi aquela pela qual Salazar optou, não
só para si próprio mas também para todo o Império. Nesta conformidade, e também
segundo a Concordata, quem casasse pela Igreja fá-lo-ia uma só vez na vida, não
podendo portanto divorciar-se.
Nas colónias passa a vigorar o
chamado “Acordo Missionário”, que passaria a regular as relações entre a Igreja
e o Estado, ficando o ensino dos indígenas confinado aos missionários. É
curioso que estes acordos são firmados, não obstante a negação da existência de
uma religião oficial do Estado, expressa na letra da Constituição de 1933.
Assinale-se também o seguinte facto
marcante da política e estratégia Salazarista: em 1940, depois de ter gerido ao
longo de doze anos a pasta das Finanças, deixou finalmente o cargo.
Com o prosseguimento da Segunda
Guerra Mundial, as dificuldades que se iam deparando ao regime, e
principalmente às massas populares, agravavam-se de dia para dia, quer através
da fome, cada vez mais generalizada, por força da escassez de víveres e
mantimentos, quer ainda, e por consequência directa de tal estado de coisas,
devido aos altíssimos preços que chegavam a atingir os bens de consumo
alimentar no mercado negro, face à insignificância dos salários de miséria
auferidos pelos portugueses que detinham emprego. A partir desta realidade, os
trabalhadores enveredam por acções de luta, nomeadamente organizando marchas de
fome, imediatamente reprimidas.
A muitos dos opositores do regime,
aguardava-os um destino cruel e distante, no campo de concentração do Tarrafal.
Eles eram cada vez mais. No decurso do ano de 1941, o dirigente sindicalista
Mário Castelhano e o operário do Arsenal da Marinha, de Lisboa, Bento
Gonçalves, também secretário-geral do Partido Comunista Português, desde 1928,
chegam ao fim dos seus dias no fatídico campo do Tarrafal.
Enquanto a Segunda Grande Guerra
Mundial vai prosseguindo a sua senda destruidora, Salazar, até 1944, aproveita
para ir exportando volfrâmio para a Alemanha, para a máquina de guerra do
ditador nazi.
Nos anos de 1942, 1943, 1944
verificam-se novas greves que chegam a mobilizar milhares e milhares de
operários da cintura industrial de Lisboa e do Ribatejo. Perante tal
movimentação de trabalhadores, o Governo responde com as forças policiais,
procedendo, uma vez mais, a um sem número de prisões e ao encerramento de
algumas fábricas durante meses, atulhando as cadeias e as praças de touros de
Lisboa e de Vila Franca de Xira. Finalmente, com a derrota de Hitler e do
nazismo, o regime intitula-se de “democracia orgânica”, não deixando de
decretar, no entanto, luto pela alegada morte do ditador.
Recuemos ainda ao ano de 1943, para
lembrar a criação do Movimento da Unidade Antifascista (MUNAF), liderado por
esse político, de rara visão para a época, que foi o general Norton de Matos.
Também ele tentaria avançar com uma revolta militar, logo após o termo da
Guerra, mas tal intento nunca se viria a concretizar.
Em seguida Salazar dissolve a
“Assembleia Nacional”, marca eleições para deputados, dando assim hipóteses,
após vinte anos, à Oposição de participar de forma legitimada e legal na vida
política do país. Forma-se, então, o “MUD” ( Movimento de Unidade Democrática)
que tem a adesão de milhares de democratas. Através de medidas de sabotagem
ordenadas pelo ditador, as eleições acabam por se transformar numa lamentável
farsa, sendo a oposição obrigada a desistir. Na sequência de tudo isto voltam a
encher-se as prisões, a intensificar-se a censura, a organizar-se a “PIDE”
segundo métodos nazis.
Em 1946 forma-se o “MUD juvenil”. As
reivindicações operárias aumentam levando o Governo a reagir através da
intensificação da repressão. Na cidade do Porto estala uma revolta militar.
Henrique Galvão apresenta um relatório sobre o problema colonial, denunciando a
exploração do negro e a estagnação dos territórios africanos sob administração
portuguesa… É preso.
Em 1949 verifica-se a realização de
eleições e o “MUD” propõe, pela Oposição, Norton de Matos, de resto profundo
conhecedor de Angola onde introduzira inovações administrativas de monta.
Devido a dificuldades impostas pelo regime, acaba por retirar a sua
candidatura. Nesta conformidade, uma vez mais, Carmona é eleito Presidente da
República.
Portugal ingressa no conjunto dos
países da “OTAN” e passa a permitir a instalação de bases estrangeiras no seu
território. Com o fim do conflito mundial, o nosso país viria a beneficiar de
uma indemnização de guerra no valor de 51,3 milhões de dólares.
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