domingo, 3 de julho de 2016

ESTADO NOVO E RESISTÊNCIA - Capítulo VI - A Guerra Civil Espanhola


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      No âmbito do sangrento conflito que eclode em Espanha, entre a esquerda e a direita, cujo sentido conceptual (duma e doutra) cada vez se definia de forma mais exacta e precisa, Salazar não quis deixar de apoiar Franco na luta contra a Frente Popular, no país vizinho e, nesse sentido, faz seguir para o teatro de guerra uma força de legionários, a qual denominou de "Os Viriatos". A dureza dos combates haveria de provocar um elevado número de vítimas.

        Também em Portugal, A Guerra Civil Espanhola (1936-1939) acaba por determinar movimentações de oposição às intenções do Estado Novo, através da reunião de milhares de opositores do regime. A Organização Revolucionária da Armada (O.R.A.), fundada em 1935 por comunistas, por intermédio dos seus militantes, subleva-se em Lisboa, apoderando-se de dois navios de guerra depois de aprisionar os oficiais, visando apoiar, lado a lado, a luta dos republicanos espanhóis. Os navios são imediatamente bombardeados à saída do Tejo, sendo presos todos os revoltosos e deportados para o campo de concentração do Tarrafal, na ilha do Sal, no arquipélago de Cabo Verde, local para onde começam a ser enviados os primeiros presos políticos. Ultrapassava os 500 anos de prisão a soma das penas dos 30 marinheiros revoltosos.

            Entretanto, em Espanha, a Guerra Civil prossegue ao longo do ano de 1937. Enquanto os populares vão ajudando as tropas republicanas através da acção das recentemente formadas "Brigadas Internacionais", Mussolini, Salazar e Hitler apoiam Francisco Franco.

            No dia 4 de Julho desse ano, Salazar consegue escapar a um atentado à bomba. Esta deflagra por baixo do seu carro, quando se dirigia para "o santo sacrifício da missa", em pleno dia de Santa Isabel. O ditador, falando aos jornais, com raro sentido de oportunidade, refere o "milagre das rosas".

            Durante o ano de 1939, as tropas de Franco, depois de uma terrível luta fratricida, entram finalmente em Madrid, último reduto Republicano, vencem a Frente Popular e colocam ponto final à Guerra Civil Espanhola. Para a História dos homens ficam na memória apenas os números de mais uma catástrofe: 2 milhões de prisioneiros; 1 milhão de mortos; 500 mil exilados; 500 mil casas destruídas.

            Franco está agora em condições de se impor como chefe único, da mesma forma que impôs a “Falange” com partido único e a religião católica como a religião oficial de todo o Estado Espanhol.

            O bicho-homem não aprende nem sossega e, ainda no ano de 1939, estoura a Segunda Grande Guerra Mundial. Salazar "joga" com a habitual mestria face aos belicistas e vai sempre conseguindo pôr em prática a política da "neutralidade colaborante".

             Em 1940, a Santa Sé e Portugal reforçam as suas relações através da assinatura da Concordata e do Acordo Missionário. Pela Concordata, a Igreja Católica fica em posição de relevo relativamente às restantes religiões minoritárias, embora o Governo pudesse ratificar os nomes dos eclesiásticos que iriam ocupar os bispados do país.  (Continua)

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