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No
âmbito do sangrento conflito que eclode em Espanha, entre a esquerda e a
direita, cujo sentido conceptual (duma e doutra) cada vez se definia de forma
mais exacta e precisa, Salazar não quis deixar de apoiar Franco na luta contra
a Frente Popular, no país vizinho e, nesse sentido, faz seguir para o teatro de
guerra uma força de legionários, a qual denominou de "Os Viriatos". A
dureza dos combates haveria de provocar um elevado número de vítimas.
Também em Portugal, A Guerra Civil Espanhola (1936-1939) acaba
por determinar movimentações de oposição às intenções do Estado Novo, através
da reunião de milhares de opositores do regime. A Organização Revolucionária da
Armada (O.R.A.), fundada em 1935 por comunistas, por intermédio dos seus
militantes, subleva-se em Lisboa, apoderando-se de dois navios de guerra depois
de aprisionar os oficiais, visando apoiar, lado a lado, a luta dos republicanos
espanhóis. Os navios são imediatamente bombardeados à saída do Tejo, sendo
presos todos os revoltosos e deportados para o campo de concentração do
Tarrafal, na ilha do Sal, no arquipélago de Cabo Verde, local para onde começam
a ser enviados os primeiros presos políticos. Ultrapassava os 500 anos de
prisão a soma das penas dos 30 marinheiros revoltosos.
Entretanto, em Espanha, a Guerra
Civil prossegue ao longo do ano de 1937. Enquanto os populares vão ajudando as
tropas republicanas através da acção das recentemente formadas "Brigadas
Internacionais", Mussolini, Salazar e Hitler apoiam Francisco Franco.
No dia 4 de Julho desse ano, Salazar
consegue escapar a um atentado à bomba. Esta deflagra por baixo do seu carro,
quando se dirigia para "o santo sacrifício da missa", em pleno dia de
Santa Isabel. O ditador, falando aos jornais, com raro sentido de oportunidade,
refere o "milagre das rosas".
Durante o ano de 1939, as tropas de
Franco, depois de uma terrível luta fratricida, entram finalmente em Madrid, último
reduto Republicano, vencem a Frente Popular e colocam ponto final à Guerra
Civil Espanhola. Para a História dos homens ficam na memória apenas os números
de mais uma catástrofe: 2 milhões de prisioneiros; 1 milhão de mortos; 500
mil exilados; 500 mil casas destruídas.
Franco está agora em condições de se
impor como chefe único, da mesma forma que impôs a “Falange” com partido único
e a religião católica como a religião oficial de todo o Estado Espanhol.
O bicho-homem não aprende nem
sossega e, ainda no ano de 1939, estoura a Segunda Grande Guerra Mundial.
Salazar "joga" com a habitual mestria face aos belicistas e vai
sempre conseguindo pôr em prática a política da "neutralidade
colaborante".
Em
1940, a Santa Sé e Portugal reforçam as suas relações através da assinatura da
Concordata e do Acordo Missionário. Pela Concordata, a Igreja Católica fica em
posição de relevo relativamente às restantes religiões minoritárias, embora o
Governo pudesse ratificar os nomes dos eclesiásticos que iriam ocupar os
bispados do país. (Continua)
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