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A
presente crónica irá fluir ao sabor da imanência das ideias, isto é, sem
contemplar abrangências que possam transcender o seu próprio objecto de
reflexão. Sendo assim, começaremos por apontar a incontestável vocação social e
política do ser humano, para recordar que nos encontramos todos “condenados” a
fazer parte da teia de intersubjectividade complexa e problemática que caracteriza
a vida relacional do Homem.
E é nesta teia imensa e imbricada,
que as novas Tecnologias de Informação e Comunicação potenciam, que os seres
humanos se movimentam, são apanhados ou deixam enredar, praticamente desde o
berço até à tumba. Mas, ao fazê-lo, vão colorindo ou enegrecendo as suas vidas
e as dos outros, através da diversificação do tipo de comportamentos
protagonizado, no âmbito da idiossincrasia de cada criatura – empático,
narcisista, manipulador, persecutório, altruísta, parasitário, etc..
Ao contrário dos restantes animais,
que são dotados de consciência meramente nuclear e se regem por instintos, a
espécie humana – única em todo o planeta – possui, para além da nuclear, também
consciência alargada e procura, condicionada pela civilização, domar (ou, tão
só) dosear os instintos; disciplinar a satisfação inelutável das necessidades
(fome, sede, excretórias, segurança, abrigo, sono); amadurecer e equilibrar a
resposta possível a dar à errância dos desejos, sem atropelo da liberdade de
todos e de cada um. Dito assim, até parece simples, não acham?! Só que, cada um
de nós encerra em si as suas próprias proposições e verdades (Ver, neste blogue, escrito sobre Maslow)...
Neste ponto, achamos curiosas as
ideias defendidas por Wilhelm Reich (1932), na sequência das
mudanças políticas, sociais e culturais operadas na União Soviética, depois de
1917. Alicerçado na obra de Engels, “A Origem da Família”, e
assente esta no conhecimento da etnologia, e, nas teses de Marx sobre o
poder das classes dirigentes, Reich invoca a observação empírica e
contextual da paradisíaca vida sexual, sem traumas nem neuroses, dos povos
primitivos actuais (caçadores-recolectores) das ilhas Trobriand, na Melanésia,
levada a cabo pelo etnólogo inglês Bronislaw Malinowski.
Na opinião de Reich, toda
esta pureza e espontânea naturalidade primordial podia ser implementada, de
novo, na sociedade soviética, caso fosse diluída a moral sexual repressiva,
como se o cérebro humano, ao contrário do que diz Damásio (2010), não
albergasse, de forma relevante, o nosso próprio passado, e muitas vezes o
passado da nossa espécie biológica e da nossa cultura.
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