sábado, 8 de fevereiro de 2014

LUGAR AO SONHO (II)

Imagem do Google


Na continuação da reflexão que iniciámos sob o título de “LUGAR AO SONHO”, a propósito do conceito de MARAVILHOSO, apresentado por Pierre Mabille, interrogo: terão todos os educadores as mesmas e devidas oportunidades, quer ao nível da sua formação inicial, quer no que diz respeito à sua formação contínua, ou até mesmo no que concerne à tipificação arquitectónica dos edifícios e das salas destinadas à Educação de Infância, quando se trata de leccionar esses seres minúsculos, sedentes de amor, descoberta, conhecimento, fantasia, aventura, maravilha e equilibrada harmonia emocional?

Que de outra maneira, então, será possível dar lugar ao sonho, preparar o terreno mais adequado, para que as nossas crianças consigam sentir o doce e suave embalo das histórias tradicionais, contadas (não lidas) com entusiasmo, entrega e empenho, numa atitude eivada daquele poder que só a expressividade mímica e gestual lhes confere?

Claro, pujantes de ritmo, de cor, de musicalidade e mágicas varinhas de condão, sempre prontas a castigar os maus (cada vez os há mais e mais terríveis) e a premiar os bons, incansáveis na luta pelo bem e pelo sucesso e remissão dos fracos, indefesos e oprimidos.

Antes de recomendar vivamente que se verifique, com carácter de urgência, de assiduidade e versatilidade, a renovação, em cada semana que passa, de uma espécie de “HORA DO CONTO”, nas salas dos jardins de infância e nas do 1.º Ciclo do Ensino Básico, quero lembrar apenas a dura, nua e crua realidade que vai fustigando as crianças em idades cada vez mais tenras, representada também, e na sequência de outros factores a que aludi em escritos anteriores, pela diluição dessa insubstituível instituição que dava pelo nome de Menino Jesus e/ou Pai Natal.

A sociedade de consumo não satisfeita com o aproveitamento exaustivo e despudorado que tem vindo a fazer dessa duas figuras do nosso imaginário infantil, pretende agora, cada vez mais, pura e simplesmente, fazer deslocar para os paizinhos a autoria e o protagonismo do acto de tudo oferecerem aos filhos, dado que, desta maneira, qualquer dia e qualquer hora servem para que se consuma. Quanta subtileza, não?!

Mas que “seca” que era ter de esperar pelo Natal ou pelo dia de aniversário! Bom, entretanto até se inventou (importou, melhor dizendo) o dia das bruxas – ou será a noite?! E o Carnaval de Abril ?!!!... Um segundo decalque do carnaval carioca, que ocorre em algumas regiões de Portugal, depois do Carne Vale calendarizado. Inaudito! E insultuoso, aquele, porque desvia as atenções das importantes comemorações do dia da Revolução de 25 de Abril de 1974.

Com tanta alienação inconsequente e balofa, não será mesmo possível sonhar saudavelmente? Não obstante tudo, estou convencido que sim. Seja como for, está nas mãos dos educadores e dos professores, na medida do possível, fazê-lo, por muito que nos custe ou por mais que nos tentem impedir, logo, por mais difícil que tal nos possa parecer.




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1 comentário:

  1. Querido Ze
    Por mais que me custe dize-lo, o certo e que nem todos temos a mesma formaçao como educadores, nem temos a mesma qualidade nos espaços onde se passa informaçao aos inocentes.
    Mas, nada nos pode tirar, nunca o SONHO!
    Isso e uma verdade insofismavel.
    Parabens pelo texto, que nos obriga a profundas reflexoes.(Este computador nao acentua.
    Fico a aguardar uma visita.Tenho novidades publicadas.
    Beijinhos
    Mana

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