segunda-feira, 14 de setembro de 2015

NEURO-PEDO-PROBLEMÁTICA

    

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          As coisas são como são, sempre, e não como a nossa visão subjectiva as representa na nossa mente e as faz veicular aos outros, distorcendo o tal ponto acrescentado de quem conta um conto. Pois bem, no âmbito da aprendizagem, e, para que tudo possa funcionar a contento com cada um dos estudantes, importa a observância de condições mínimas essenciais, ao nível da psico-motricidade, da percepção das "portadas sensoriais" (Damásio, 2010: pp. 122/246); do esquema corporal, a saber: lateralidade, orientação espacial, orientação temporal; acuidade auditiva, vocabulário e facilidade de expressão; memória e motivação intelectual, “sem perda da experiência natural”, como afirmou Ludwig Binswanger (1871-1976).

       É claro que, por vezes, nem tudo corre da melhor maneira, e, os objectivos pretendidos não são plenamente visados, embora se espere que o docente tudo resolva e ultrapasse.  Acontece, porém, que o surgimento de condicionalismos e entraves de cariz neuro-pedagógico colocam o professor num beco sem saída, devido à sua difícil ou mesmo impossível abordagem.

         Por exemplo: é imprescindível que o aluno goze de um perfeito sentido da visão (capacidade óptica) para a aprendizagem da leitura, da escrita, do cálculo mental e das situações problemáticas, já que uma visão deficiente ou deficitária pode impedir a cabal interiorização das letras, dos sinais de pontuação e de todo o código semântico e simbólico, que possibilita a leitura correcta e significativa de um texto. Mas há mais: podem mesmo ocorrer disfuncionalidades ao nível da dislexia e da disortografia, por força de uma incorrecta percepção visual.

      Outro exemplo, considerando agora o esquema corporal: Henri Wallon (1879-1962) refere-se-lhe assim: “representação relativamente global, científica e diferenciada que a criança tem do seu próprio corpo” (1968), dando-nos a perceber a maneira como se vai construindo a personalidade infantil. Uma criança perfeitamente integrada face ao seu próprio corpo e respectivos membros, saberá sempre situar-se perante os vários objectos à sua volta, em relação às outras pessoas e, até, conseguirá o registo correcto dos factos ocorridos relativamente à sua pessoa e, ainda, no âmbito da relativização dos factos em si, entre si, enquanto tais. Isto é, se se encontra intacta a faculdade de diferenciação e de constituição correlativa de si e dos outros. Um esquema corporal bem definido e estruturado dá à criança uma consciência plena do seu eu e do espaço onde se move (continuidade e temporalidade).

    Com o passar do tempo, processa-se o normal desenvolvimento de qualquer criança saudável e, enquanto isso, um dos hemisférios cerebrais irá determinar a chamada dominância lateral, ou seja, um deles impor-se-á mais forte, mais preciso e ágil, em detrimento do seu oponível. Se for o direito, determinará um esquerdino; se for o esquerdo, o infante será dextra. A criança não deverá ser contrariada nunca nesta sua naturalíssima forma de crescimento.

     Sempre que a lateralização se apresentar indefinida ou cruzada, os problemas, aí sim, agravam-se, sendo melhor consultar o clínico competente para o efeito. Evidentemente que daria imenso jeito a existência de equipas multidisciplinares (médico incluído) nos nossos tão descaracterizados e massivos agrupamentos escolares...

1 comentário:

  1. Acho muito interessante, o meu amigo se interessar tanto por estes temas. Gostei de ler. Bom fim de semana.
    Um beijo.

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