sexta-feira, 18 de setembro de 2015

FELICITANDO ESTEVES DOS SANTOS



        Na comemoração dos noventa e seis anos (14/09) deste autor de inúmeras realizações ao longo da sua vida, ficam aqui as nossas felicitações na letra de um seu escrito, com mais de vinte anos, seguramente. Nesta conformidade, passamos a recordar as suas “VELHAS MEMÓRIAS ESCOLARES”:

  “Ao ler, agora, a primeira obra de Leão Tolstoi, “INFÂNCIA”, ocorreram-me, espontaneamente, passos da minha própria infância, na minha aldeia natal, já lá vão sessenta anos.
     Pardilhó, no concelho de Estarreja, já tinha emigrantes na América, França e Brasil; outros imigravam, sobretudo, para a região de Lisboa e de Setúbal; os que permaneciam fiéis ao torrão natal dedicavam-se à construção civil e à naval; mas havia os anfíbios: cultivavam a agricultura e lavravam a ria. A igreja paroquial era, principalmente, nos dias festivos, a casa comum. Mas a primeira missa, a missa da alva, celebrava-a o Senhor Padre Joaquim, na capela da Senhora dos Remédios.
   Estradas empedradas a macadame, só a que ligava Avanca à Murtosa e a que vinha da sede do concelho.
    Escolas, havia várias: na Rua, a da D.ª Luciana (mais tarde também a do Sr. Reis); na Igreja, a Escola das Senhoras; e em edifício pertencente ao Sr. Ramos – as escolas dos Senhores Godinho, Cirne e Pitarma.
  A nível pré-primário, as “Mestras”, obreiras humildes, esquecidas, a quem tantas gerações de pardilhoenses devem tanta gratidão.
     Havia as mestras do Corgo, a mestra Rilha e as mestras do Outeiro, se bem me lembro.
     Às mestras do Outeiro, que me ensinaram as primeiras letras e as primeiras orações, aqui deixo a minha saudosa recordação.
   Lembro a mestra Emília, asseada, bonita, de sorriso angélico; a mestra Luz, organista, depois, da igreja paroquial; e a mestra Ana, disciplinadora, sempre atenta às traquinices das meninas e dos meninos, pronta a manejar a cana, sua fiel companheira. Mas não me recordo que tenha magoado alguém.
  Rigorosa no ensino do Catecismo, descrevia, com pormenores de artista plástica, o inferno mitológico: as ígneas labaredas alterosas, o diabo ornado de cornos e de cauda, manejando um tridente com que atiçava o fogo sulfuroso por toda a eternidade. Descrição dantesca, mesmo na ausência do famoso Cérbero. Mas compensava a visão terrífica, pondo-nos a passear nos maravilhosos e babilónicos jardins do Paraíso, com anjos de rubicundas faces, gozando todas as delícias”.

Imagem (1) do Google

2 comentários:

  1. Ah! Já enviei os parabéns mas reenvio de novo . Pai assim, merece!

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  2. Querido Zé
    Gostei de recordar o texto e de ver a Matriz pardilhoense.
    O nosso pai sempre escreveu muito bem.
    Um beijinho
    Mana

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