Imagem do Google |
As relações humanas têm vindo a encontrar no chão fértil do deixa-correr, da pretensa liberdade de acção das criaturas, da disfuncional animalidade primitiva dos comportamentos que vão caracterizando o quotidiano, o terreno mais propício à libertinagem que distorce as consciências e inviabiliza a dignidade e o respeito que devemos uns aos outros. Urge arrepiar caminho. Este raciocínio surge na sequência da mensagem de que lhes tencionávamos dar parte, relativamente
ao tipo de relações afectivas que ligam alguns homens e mulheres, uma vez que a
qualidade das mesmas, segundo tem vindo a lume, reveste, teimosamente, aspectos
perfeitamente doentios, porque eivados de violência gratuita, mesquinha,
redutora; que acaba por estiolar o viço do amor; que aniquila, muitas vezes, um
último capital de esperança colocada no banco dos afectos onde apenas um só
elemento do par desavindo investe; que faz desabar, por completo, todo um
edifício emocional de equilíbrio e usufruto, inicialmente alicerçado a partir
do betão da confiança, da compreensão e da doce cumplicidade de quem se ama e
pretende comungar de uma vida em uníssono, partilhando alegrias e tristezas,
sucessos e contrariedades, objectivos ponderados e renúncias conscientes.
Claro que uma relação a dois só pode funcionar, se for
posto de lado o egoísmo de um, ou de ambos; evidentemente que um qualquer
casal, quer tenha institucionalizado a sua união através do sacramento do
matrimónio, quer tenha selado o seu compromisso por meio do registo civil, quer
ainda se mantenha ligado no âmbito da união de facto, tem de trabalhar todos os
dias na direcção dos seus interesses comuns, ou seja, não perdendo de vista a
importância da satisfação das necessidades plausíveis da família e do bem estar
dos filhos, caso tenham optado pela sua concepção. Pessoalmente consideramos os
filhos uma benção, um milagre, a perpetuação da vida do casal, ainda que para
lá da sua morte material ou dual, e de cada um dos elementos que lhes dá o ser.
Paralelamente, importa que se aposte incondicionalmente
no diálogo; conversar, conversar sempre, diariamente, sem ironia, sem rancor,
esclarecendo dúvidas, dissipando incertezas, cimentando a confiança, sem
receios nem medos. É terrível dar ouvidos a terceiros, levar em conta denúncias
anónimas, alimentar suspeições em silêncio. É que a partir daqui a imaginação
acaba por fazer o resto, precipitando o princípio do fim, através de atitudes
que começam por ser ofensivas, por comportamentos que entretanto vão sendo
agressivos, por gestos que violam a
integridade física do parceiro, descambando em reforçada violência.
Irracionalidade própria das bestas... Mas esta problemática extrapola o
contexto meramente passional.
Tem a ver também com a falta de recursos económicos das
famílias. Penosa realidade em alta, esta. Casa onde não há pão, todos ralham e
ninguém tem razão. Surgem as acusações, os complexos de culpa, as perseguições
mentais, a crueldade, o vazio afectivo; está presente, muitas vezes, a avassaladora
dependência do álcool ou de outras drogas, para mascarar o drama; uma vez mais
a irracionalidade própria das... pessoas profundamente infelizes e perdidas.
Nos jovens, então, julgamos nós, a agressividade embrionária
que lhes vai tolhendo já o porte, o perfil e a atitude, prende-se com os climas
mais ou menos densos, mais ou menos viciados, mais ou menos virulentos que os
envolvem a partir de idades cada vez mais precoces. Não tem havido o cuidado
indispensável em preservar as crianças, os adolescentes e os jovens, de todo o
tipo de violência gratuita que actualmente nos é servido em doses industriais,
logo a partir de casa, por omissão ou protagonismo quezilento dos pais, quer
pelo desleixo tutelar opcional a que tem estado votada a escola, quer ainda
pelo apocalipse programático que as televisões esparramam incansavelmente nas
cabecinhas da nossa malta... Principalmente!
Nota: À sombra das costas
largas da crise externa, vamos também assistindo à trágica dimensão da nossa
crise interna... Inaudito subterfúgio, aquele! Surpreendente e imerecida
punição, esta! Estaremos, afinal, perante uma nova cambiante de “violência
doméstica”, à escala nacional?!
Sem comentários:
Enviar um comentário