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Piaget
elege a acção (dirigida) da criança, como se viu, como forma de aprendizagem
por excelência; com a aquisição da linguagem, a partir dos dois anos, entra-se
no campo da socialização da acção, o que determina novos processos dinâmicos de
crescimento, passíveis de enriquecer o próprio pensamento, a consciência e a
afectividade. E aqui recordamos Bion e o seu conceito – “pensar os
pensamentos”: quanto melhor sucedida for a interacção mãe-bebé-mãe, melhor se
processa na criança a capacidade de pensar os pensamentos, logo, melhor se
definem as suas estruturas psíquicas. A este propósito, Piaget cita Pierre
Janet (1859-1947): “a memória está ligada à narrativa, a reflexão à discussão,
a crença ao empenho ou à promessa, e todo o pensamento à linguagem exterior ou
interior” (Piaget, 1975: p, 33).
Antes da linguagem, no entanto, o
pensamento verifica-se ainda por mera assimilação, provido de egocentrismo e
desprovido de objectividade, accionando apenas movimentos e percepções; de
seguida, adaptar-se-á aos outros e à realidade, oscilando sempre entre a forma
de pensamento sensório-motor e aquela que vai esboçando o pensamento lógico. O
primeiro configura o jogo simbólico, individualizado, sem regras, de imaginação
ou de imitação, transformando o real, (des)dramatizando, ficcionando, já que
depois dos 7 anos, as regras vão sendo encaradas e aceites, devido à
interiorização da reversibilidade e da reciprocidade, o que traduz, na prática,
uma harmonização entre a assimilação mental das vivências empíricas e a
acomodação mental a essas mesmas experiências.
Estas mudanças geram autonomia e
coesão interactiva, fomentando já um bom nível operatório da intelectualidade
do indívíduo, caracterizado pelo surgimento de valores morais (a representação
dos interditos, a consciência moral ou o super-ego), da optimização da
integração do eu e de uma sistematização mais equilibrada da expressão da afectividade;
neste particular assume importância primordial o sentido de justiça do
pré-adolescente. Ao longo da adolescência, e até ao limiar da idade adulta,
Piaget não se afasta muito (em termos gerais) de outros autores.
Tentemos agora concluir o presente
escrito, apresentando uma breve sinopse sobre os estádios de desenvolvimento
mental da criança: entre o estádio sensório-motor e o estádio das
operações-concretas, a criança desenvolve progressivamente três tipos de
actividades, a saber a actividade sensório-motora, a actividade
representativa egocêntrica e a actividade operacional. A primeira, a
ACTIVIDADE SENSÓRIO-MOTORA constrói esquemas de assimilação, se pensarmos na
acomodação das acções lúdicas; de equilibração, através da inteligência
sensório-motora; e de acomodação à assimilação, por imitação.
Já a segunda – a ACTIVIDADE
REPRESENTATIVA EGOCÊNTRICA, recria o jogo simbólico, com recurso à imaginação e
à criatividade, aliando ainda os pré-conceitos e a percepção intuitiva à
imaginação reprodutora e à imitação representativa – claro, sempre numa linha
constructiva de reforço das estruturas anteriores a caminho das seguintes...
mais elaboradas.
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