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Estamos
convencidos de que a maior parte das pessoas, na sociedade ocidental, é
maioritariamente reactiva, pelo que existe uma minoria apenas manifestamente
activa. De resto, tanto os elementos que cabem nesta nossa proposta dicotómica,
como os que se quedam pelas respectivas excepções, tentam sempre cumprir o
percurso identitário e afirmativo que melhor os realize.
Curiosamente, os mais capazes e habilitados,
os mais dotados e competentes, os mais ponderados e sensatos, de acordo com o
que vamos observando, não se encontram no segundo grupo, mas, ao invés,
enquadram-se no conjunto dos primeiros. O resultado é que todos saímos a
perder: quer no seio da família, quer no âmbito escolar ou laboral, quer ainda
no que diz respeito a outro tipo de cenários a saber, o empresarial,
económico-financeiro, político, governamental, entre muitos outros.
Sendo assim, temos de nos haver com
o pequeno grupo dos que conseguem, por sistema, estar sempre em bicos de pés,
dos que tudo fazem para ganhar visibilidade e ascendência sobre os demais, dos
que possuem engenho e arte para convencer airosamente os outros; dos que tão
bem sabem levar a água ao seu moínho. É que são estes, estranhamente ou não, os
que tomam a dianteira, pondo e dispondo, agindo e controlando, decidindo e
governando.
Esse dinamismo, que claramente os
caracteriza, está-lhes na massa do sangue; precisam dele como de pão para a
boca, e, portanto, arranjam sempre maneira de estar na linha da frente, para
mal dos nossos pecados, nem que para tal seja necessário desviar quem lhes
possa eventualmente fazer frente. Provavelmente, enfermarão de uma mal
resolvida auto-estima, de um certo complexo de inferioridade, de uma espécie de
egocentrismo arreigado, a exigir atitudes compensatórias de feição
inconsciente, o que não abonará nada em favor da sua maturidade pessoal, nem do
seu protagonismo social, moral e espiritual. Basta olhar à nossa volta.
Embora haja excepções, tanto num
grupo como no outro, como apontámos no início, convém agora referir que os
reactivos são muito mais contemplativos e estudiosos, mais teóricos mas menos
precipitados, mais acomodados e pacientes, mais inteligentes e sábios, e,
ainda, muito mais avisados e coerentes. Reparem, quando se trata de fazer
escolhas responsáveis, no nosso universo relacional intersubjectivo, os
comportamentos atitudinais, face aos contextos, devem assumir uma importância
relativa e diferenciada; é
necessário, nesta medida, fazer escolhas, e estas variam de importância
conforme os enquadramentos, mas é precisamente aí, ao hesitar, pensar, avaliar
e decidir, que os reactivos demonstram muito mais maturidade, equilíbrio,
paciência, capacidade atilada de análise e de decisão.
NOTA: No grupo dos reactivos e dos
activos não incluímos os que integram “O Rebanho das Audiências” (Santos,
2004), nem as massas que alimentam “A Sociedade do Espectáculo” (Debord, 2012),
nem os adictos inveterados que se ligam de forma irracional às Novas
Tecnologias de Informação e Comunicação.
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