quarta-feira, 26 de outubro de 2016

OS ACTIVOS E OS REACTIVOS




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      Estamos convencidos de que a maior parte das pessoas, na sociedade ocidental, é maioritariamente reactiva, pelo que existe uma minoria apenas manifestamente activa. De resto, tanto os elementos que cabem nesta nossa proposta dicotómica, como os que se quedam pelas respectivas excepções, tentam sempre cumprir o percurso identitário e afirmativo que melhor os realize.

          Curiosamente, os mais capazes e habilitados, os mais dotados e competentes, os mais ponderados e sensatos, de acordo com o que vamos observando, não se encontram no segundo grupo, mas, ao invés, enquadram-se no conjunto dos primeiros. O resultado é que todos saímos a perder: quer no seio da família, quer no âmbito escolar ou laboral, quer ainda no que diz respeito a outro tipo de cenários a saber, o empresarial, económico-financeiro, político, governamental, entre muitos outros.

            Sendo assim, temos de nos haver com o pequeno grupo dos que conseguem, por sistema, estar sempre em bicos de pés, dos que tudo fazem para ganhar visibilidade e ascendência sobre os demais, dos que possuem engenho e arte para convencer airosamente os outros; dos que tão bem sabem levar a água ao seu moínho. É que são estes, estranhamente ou não, os que tomam a dianteira, pondo e dispondo, agindo e controlando, decidindo e governando.

            Esse dinamismo, que claramente os caracteriza, está-lhes na massa do sangue; precisam dele como de pão para a boca, e, portanto, arranjam sempre maneira de estar na linha da frente, para mal dos nossos pecados, nem que para tal seja necessário desviar quem lhes possa eventualmente fazer frente. Provavelmente, enfermarão de uma mal resolvida auto-estima, de um certo complexo de inferioridade, de uma espécie de egocentrismo arreigado, a exigir atitudes compensatórias de feição inconsciente, o que não abonará nada em favor da sua maturidade pessoal, nem do seu protagonismo social, moral e espiritual. Basta olhar à nossa volta.

            Embora haja excepções, tanto num grupo como no outro, como apontámos no início, convém agora referir que os reactivos são muito mais contemplativos e estudiosos, mais teóricos mas menos precipitados, mais acomodados e pacientes, mais inteligentes e sábios, e, ainda, muito mais avisados e coerentes. Reparem, quando se trata de fazer escolhas responsáveis, no nosso universo relacional intersubjectivo, os comportamentos atitudinais, face aos contextos, devem assumir uma importância relativa e diferenciada; é necessário, nesta medida, fazer escolhas, e estas variam de importância conforme os enquadramentos, mas é precisamente aí, ao hesitar, pensar, avaliar e decidir, que os reactivos demonstram muito mais maturidade, equilíbrio, paciência, capacidade atilada de análise e de decisão.   

            NOTA: No grupo dos reactivos e dos activos não incluímos os que integram “O Rebanho das Audiências” (Santos, 2004), nem as massas que alimentam “A Sociedade do Espectáculo” (Debord, 2012), nem os adictos inveterados que se ligam de forma irracional às Novas Tecnologias de Informação e Comunicação.

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