terça-feira, 14 de maio de 2019

A AGRESSIVIDADE ANIQUILA


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   Os afectos de aversão (Adler) traduzem-se, em termos dinâmicos (motores), na agressividade, na agressão, na perseguição, assumindo o rosto da ira, da cólera e da hostilidade. Os afectos dependem da carga energética ligada à representação, para o bem ou para o mal, segundo Freud, e são úteis para a sobrevivência do Homem, dentro de determinados parâmetros. Como se compreende, quando comparada à mulher, a constituição física do homem (regra geral) potencia, no âmbito da agressividade, maiores estragos, quer em termos dinâmicos, quer económicos.

   Essa consciência afectiva (sentimento emocional), que Freud designou de “quantum de afecto” (energia pulsional) que investe as representações é: qualitativa, de acordo com a oposição dinâmica de forças) e quantitativa (intensidade energética – economia). “Cultura e suas Desvantagens” (1930) é a obra onde este mestre qualifica a agressividade como “um impulso nato e autónomo do homem”. Assim, em sociedade ou na família, quanto mais fraco é o próximo, maior é a tentação de o agredir e perseguir (bullying, violência no namoro ou doméstica, abuso de poder, assédio moral e prepotência laboral), dizemos nós. Mas há mais:

  Como se trata de um sentimento primitivo (irracional/reptílico) de inimizade e confrontação, torna-se tanto mais destrutivo e aniquilador, quanto mais avança o progresso técnico e cultural, uma vez que este é uma faca de dois gumes, capaz de reactivar (redimensionar/ampliar) a idiossincrasia do homem e de o dotar, também, de instrumentos auxiliares de destruição maciça e massiva, ameaçando, permanentemente, de ruína, a família, a sociedade e a sua única casa planetária (Konrad Lorenz, 1903-1989).

   Freud defendia ainda que, perante tamanha carga emocional, o superego remete-a para o ego onde se despoleta a agressividade e a autodestruição, isto é, a neurose e a psicose. É assim, ainda hoje, com as personalidades psicopáticas, nas crises hipomaníacas e na demência aterosclerótica; nas depressões e na esquizofrenia, com excepção das violentas birras típicas das crianças de dois anos.

NOTA 1: Os cientistas actuais apontam o mesencéfalo do homem, na zona média cerebral, com diencéfalo (tálamo e hipotálamo)cérebro reptílico, regulador das funções vitais básicas, como nos répteis –; e córtex cingulado no topo envolvente – sistema límbico, onde se alocam os sentimentos ou afectos primários dos primeiros mamíferos.

NOTA 2: “Recentemente” constituiu-se o neo-córtexsede das funções cognitivo-afectivas superiores complexas, capazes de pensamento e linguagem e de diferenciar emoções. Contudo, o cérebro reptílico continua actuante.

NOTA 3: Bibliografia revisitada:

Damásio, A. (2013). O Sentimento de Si – Corpo, Emoção E Consciência. Temas e Debates. Círculo de Leitores. Lisboa.
Goleman, D. (2006). Inteligência Emocional. Revista Sábado. Espanha.
Hell D. (2009). Depressão – Que sentido faz? Sete Caminhos. Lisboa.
Mlodinow L. (2014). Subliminar – Como o Inconsciente Controla o Nosso Comportamento. Marcador Editora. Lisboa
Sempé, Jean-Caude et al (1969). A Psicanálise. Edições 70. Lisboa
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4 comentários:

  1. Muito bom seu artigo, Humberto. O agressor, com suas manifestações doentias, se pegar pela frente um ser mais cordato, é claro que se sentirá com mais poder, campo aberto, pois não haverá nenhuma trava para seu descarrego doentio. Agressão é doença, não há dúvidas, e o final é apavorante as atrocidades que fazem, o ser humano não muda, consequentemente uma pessoa agressiva, doente, penso seguirá assim. Só fará uma pausa quando sentir o perigo, e olha lá...
    bjs.

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  2. Um artigo muito interessante. Obrigada pela partilha:))

    Hoje :- Sinto o perfume no ar numa distância atroz

    Bjos
    Votos de uma óptima Quarta - Feira

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  3. Todos os seres humanos, inclusive os animais, trazem à nascença esse impulso como forma de se protegerem e há vários graus de agressividade. O problema é quando essa agressividade se torna violenta e desencadeia comportamentos destrutivos aos outros e a si próprios como muito bem refere no sem texto.
    Gostei muito do seu artigo.

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