sexta-feira, 10 de maio de 2019

DÉJÀ-VU?!... NEM SEMPRE


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   Há muito quem confunda o conceito de Déjà-vu com a renovada constatação actual de vivências já experienciadas no passado. O senso-comum generalizado, e a falta de formação e critério de que enfermam certas criaturas dos mass-media, têm atraiçoado o seu devido papel pedagógico-didáctico. Assim, ao invés de se apoiarem na informação correcta e ponderada, têm seguido pelos ínvios caminhos da já habitual, mas impertinente, ignorância e ingenuidade.

   O conceito de Déjà-vu refere-se apenas à complexa ilusão do já visto, sem que nada, de facto, tenha ocorrido no passado. Friedrish Doucet (séc. XX) refere tratar-se de recordações estranhas, no âmbito de uma fantasia inconsciente, de um estado onírico ou de um sonhar acordado, enquadrando pessoas, objectos e situações, afinal, inexistentes. Não, não são alucinações (percepções sem objecto), para as quais colaboram, neste caso, os sentidos.

   Outros autores falam em perturbações de memória (paramnésias); pressentimentos compulsivos e ilusórios de que algo, hoje, se repete – como no passado – e, claro, nos diz respeito, conseguindo accionar uma certa ansiedade, face à perplexidade que a sua novidade e surpresa causam.

   Clarificando um pouco a ideia de paramnésia, dá-se conta de que os entendidos apontam para uma desordem mnésica, onde a memória se apresenta desvirtuada, lacunar, confabulada, tecida ao sabor da compensação ilusória das frustrações pessoais dos afectados.

   Por último, importa aludir à ansiedade fóbica associada à perda da consciência identitária e circunstancial, pois estas são susceptíveis de indução de experiências de Déjà-vu, bem como as manifestações esquizofrénicas, tendencialmente passíveis de criar desorientação, ideias ilusórias (temporalidade desenquadrada) e sentido premonitório.

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https://www.youtube.com/watch?v=YCs6Tpd5sFQ



7 comentários:

  1. Meu querido
    Às vezes, à força de tanto se ouvir uma determinada expressão, as pessoas pensam saber exactamente do que se trata. Mas nem sempre assim é. Ainda bem que clarificaste mais uma situação, sempre assente em prévia pesquisa.
    Gostei muito do texto.
    Um beijinho
    Mana

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  2. Li com atenção e sinceramente nunca tive “Déjà-vu” mas sim acontecer, por vezes, ter a percepção de ter estado ou vivido algo que me fez sentir essa sensação . No meu entender, acredito que de alguma forma tenha vivido ou lido algo semelhante e isso esteja arquivado na minha memória e ao vivenciar esse momento me dê essa percepção de “ Já visto “ ...
    Bom fim de semana, Poeta. Beijinho

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  3. ¡Hola Humberto!

    No sé si entendí muy bien este interesante texto, pero Déjà-vu, significa vivir alguna experiencia que nos parece haberla vivido mucho antes.

    No es mi caso, pero si tengo comprobado en otras familias qué, de padres e incluso abuelos, sus descendientes, en alguno se repite la misma historia, o muy similar.
    No todo es inexistente, ni perturbaciones de memoria, opino que en algunos casos se repite algo vivido en el pasado.

    Un placer esta lectura, gracias.
    Ten un feliz domingo.

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  4. "O conceito de Déjà-vu refere-se apenas à complexa ilusão do já visto, sem que nada, de facto, tenha ocorrido no passado."...
    O pior é que muitas pessoas não sabem nem querem saber. Aqui aprende-se com a sua erudição meu amigo.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  5. Marina Fligueira, lo que habla es lo que he
    leído sobre la transgeneracionalidad - Nina Canault - y los errores graves cometidos en familia y callados para siempre - el no-dicho. Esta falta de apertura (sinceridad) impide que los problemas sean hablados, comprendidos y solucionados. Siendo así, se agravan y pasan a las generaciones siguientes, haciendo la vida insoportable. Sin embargo, esto no es el DÉJÀ VU, como muy bien entendió.
    besos

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  6. Olá, Humberto, o que acontece nessa era da informática, é como um desmanche de Dominó, um vai atrás do outro que disse, que disse e que disse! Viu na Internet e acabou. Dá-se porque muitos não têm paciência e nem gosto por ler, de saber o sentido exato das coisas, de conferir.
    Quantos poemas erroneamente são atribuídos a certos poetas, citações, conceitos e pensamentos que não são de tal filósofo. Gostei muito da sua explicação, bem didática. E sempre oportuna.
    Beijo, amigo, uma ótima semana.

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  7. Já me acontecer ter uma espécie de deja-vu, mas nunca levei essas coisas a sério!

    Bjxxx
    Ontem é só Memória | Facebook | Instagram

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