quinta-feira, 23 de maio de 2019

NÃO TENTAS PERCEBER



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AUTO-RETRATO DE FRIDA KAHLO



Não tentas perceber motivações
das que só galopam corcéis dantescos
nem procuras saber por que razões
se cultivam costumes vampirescos

Tecer parafrénicas ilusões
constranger-se às visões dos arabescos
é forjar autofágicos baldões
é traçar acasos rocambolescos

Invocar os enganos que resistem
ficando sem ficar nessa presteza
não mostra sopesar já que persistem

no rosto que sorrindo de tristeza
do logro das herdades que consistem
no tal lavar de mãos com tibieza

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6 comentários:

  1. Humberto,
    Vi em seu belo poema uma amostra do quanto somos frágeis, complicados e até vulneráveis. Por certo nos abatemos quando saímos um tantinho da nossa caminhada já programada. É bom continuar em linha reta, talvez não tentar partir para o desconforto.
    Como os poemas podem ter várias interpretações, dependendo da ótica de cada leitor, interpretei da minha maneira...
    Certos poemas não suportam interpretações, a beleza está em si, na sua atuação, no toque em de cada leitor.
    Aplausos!
    beijo

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  2. Um soneto cuja interpretação é complexa, podendo até dar origem a mais do que uma.
    Contudo, é um soneto onde o talento poético se revela em cada verso.
    Excelente, gostei imenso.
    Caro Humberto, um bom fim de semana.
    Abraço.

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  3. Há esquemas, desejos, paixões, traições, fragilidades, mentiras... a vida escreve-se assim...
    Às vezes, resistimos, outras, somos vencidos...
    Brilhante...
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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  4. Incertezas da vida podem despertar uma luta interna entre o conceito de felicidade e a máscara que a obstrui, tornando difícil a realidade. Um poema com uma certa complexidade. Li com o coração, mas não sei se alcancei...
    Beijinho, Poeta.

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