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É
este um ditado popular... mais um, repleto de significado, de sensata
sabedoria, de profundo alcance sociocultural. Pois é, “quem
dá o pão, dá a educação”; tão
simples como isso, que o mesmo vale por dizer que os pais sempre se
preocuparam com o sustento dos filhos... outra coisa não seria
de esperar; mas também, e por isso mesmo, porque dos seus
filhos se trata, compete-lhes a eles, desde o berço, a
responsabilidade da sua educação, a todos os níveis,
ou seja, quer no plano moral, quer no cívico e no social, bem
como no campo das aprendizagens de carácter geral. Neste
particular, a acção dos progenitores deve assumir um
cariz acentuadamente pendular, para que a criança possa
conseguir interiorizar comportamentos equilibrados, no que toca às
atitudes a tomar, não só no dia-a-dia da sua vida
infantil, com os pais e os irmãos (se os houver), em casa, mas
também junto dos companheiros do infantário, a partir
dos três anos de idade e, posteriormente, aos sete anos, no
âmbito da turma ou turmas do 1.º Ciclo do Ensino Básico,
e por aí fora.
Educação Informal,
é assim que se chama àquilo que os paizinhos vão
construindo (ou destruindo, que também os há neste
nosso terceiro mundinho de arrepiar), visando a estruturação
e definição das personalidades em embrião dos
queridos rebentos, tantas vezes numa óptica meramente
neurosada, “porque ele é mesmo a carinha do pai”, ou
então, “porque eu na idade dele era mesmo só de
futebol que gostava”, ou ainda, “eu não consegui chegar a
economista, mas o meu filho há-de sê-lo nem que chovam
picaretas”. Enfim, pobres criancinhas, que tanto têm de
aturar, para já não falar nas guerrinhas de,
literalmente, trazer por casa, depois de apagada a chama da paixão
que alimentava a instituição casamento.
Neste particular, usam-se as crianças
como moeda de troca, para chantagens mesquinhas, para atingir o
outro, que não nós, porque os defeitos não se
enquadram na nossa maneira de ser, toda ela virtude e padrão a
seguir. É desta maneira que as coisas se assumem de forma
invertida, ou seja ao invés do próprio refrão
popular: exige-se, a coberto da própria lei, a “dádiva”
da pensão de alimentos, mas, apenas isso, porque os cuidados e
a guarda ficam apenas para o outro progenitor, isto é, nestes
casos concretos, balizados pelo decreto-lei n.º 272/2001 de 13
de Outubro, quem dá o pão, fá-lo, porque a isso
é obrigado, mas não lhe é permitido dar a
educação, ainda que a regulação do poder
paternal o possa incluir nesse âmbito... meramente formal,
dizemos nós. Enfim, insuficiências e arestas, mais uma
vez, típicas da legislação, sempre incapaz de
conseguir configurar os problemáticos meandros dos
multifacetados aspectos da realidade.
Nos dias de hoje, tendo em conta a
brutal proliferação das famílias separadas,
desestruturadas, monoparentais, a braços com problemas
sociais, psicológicos e financeiros, etc., etc., etc.,
deparamo-nos com cada vez mais crianças com pão e sem
educação e, muito pior do que isso, a milhares e
milhares de alunos sem ambas as coisas, ou seja sem educação
e também sem pão. Não sabemos para onde se
caminha, mas a continuar assim, quem é que irá
responder pelo futuro do próprio futuro que, necessariamente,
se deveria alicerçar no presente com quem deveria dizer e saber estar presente?